Nos tempos modernos, poucos avanços foram feitos (para não dizer nenhum) em filosofia. Ao contrário, muito se perdeu como resultado de erros que teriam sido evitados se a modernidade tivesse preservado, e não ignorado, algumas verdades antigas. A filosofia moderna começou muito mal — com Hobbes e Locke na Inglaterra, e com Descartes, Spinoza e Leibniz no continente. Cada um desses pensadores agiu como se não tivesse predecessores a quem consultar, como se estivesse começando a construir pela primeira vez, do zero, todo um sistema de filosofia. Carentes de algo como um exame crítico e cuidadoso das visões dos filósofos antigos e medievais, em vão os pensadores modernos repudiaram o passado como se fosse um repositório de erros. Mas ao rejeitar certos pontos da doutrina herdada do passado, fica perfeitamente claro que eles não a entenderam propriamente, porque os erros que cometem provêm da ignorância de distinções e insights já consagrados, essenciais para a resolução dos problemas que os modernos se propõem a resolver.
Filosofia