O problema da linguagem é que é possível usá-la não apenas para revelar a verdade como também para ocultá-la ou distorcê-la. Nós somos enganados pelas palavras. Grande parte do que sofremos pelo uso errôneo da linguagem se deve à nossa tendência persistente e inconsciente de inverter a ordem da realidade e da linguagem. As palavras tomam o lugar das coisas. Ouvimos a palavra “educação” e pensamos imediatamente em nosso sistema de escolas organizadas, onde ocorre pouca coisa que possa ser chamada de educação. Eu creio que o mesmo automatismo tomou conta da palavra “liberdade”. Escrevi este livro porque não creio que estejamos criando nossos filhos para a liberdade, mas sim para a compulsão, de tal modo confundindo liberdades e compulsões que, quanto mais liberdades conquistamos, mais nos vemos aprisionados — menos humanos, e mais presos a automatismos. Nosso amplo leque de opções nos dá a impressão de sermos livres, quando nos deixa escolher apenas entre o que é maligno, ou tolo, ou trivial. Nós temos que responder imediatamente ao sinal de uma nova mensagem, um novo e-mail, um novo post de rede social. Temos que clicar no link que promete satisfação imediata. Temos que comprar esta ou aquela inutilidade. Temos que atender nossos desejos instantâneos, sejam eles quais forem. Se você quer criar bovinos serenos, ruminando placidamente em um campo de confortos sensuais, ou ratinhos empregados, correndo na roda-viva do mundo, então tirará muito proveito deste livro. Eu mostrarei dez maneiras de criar pessoas que desfrutem da genuína liberdade espiritual de um viciado. Prepare-se para um mundo melhor. Bem-vindo à vida sob compulsão!
Educação / Não-ficção