Em 1963, Millôr Fernandes era um importante colunista de O Cruzeiro, na época a revista mais lida do Brasil. Ateu desde menino, satirizava em seus textos as passagens bíblicas e os dogmas religiosos, posição que arrebatou milhares de fãs, mas também incomodou os mais fanáticos, como atesta a história em torno da primeira publicação desta versão do Gênesis. Pressionada por “alguns carolas do interior”, segundo as palavras do autor, a direção da revista afirmou que Esta é a verdadeira história do Paraíso havia sido publicado sem a sua autorização. A resposta de Millôr foi se desligar da revista, e quando a mentira veio a público o autor ganhou amplo apoio de seus leitores e dos artistas da época.
Mais de cinquenta anos depois, superada a polêmica, o livro é considerado uma das obras mais importantes do autor, com questionamentos que só poderiam ter saído da mente do nosso humorista mais brilhante. Logo nas primeiras páginas fica evidente por que esta história do paraíso, recontada com descrença e humor, está mais atual do que nunca.
Nesta edição, além do fac-símile publicado em O Cruzeiro, alguns dos principais quadrinistas da atualidade deram a sua versão sobre a origem do mundo.