As memórias de uma garota branca no coração da África selvagem retratam a visão do colonizador europeu sobre os negros, as tensões políticas e as culturas tribais do continente africano. Num estilo seco e, por vezes, brutal, a autora relata cenas da vida familiar e as andanças pela África dos anos 60 e 70, em países como Zimbábue, Malaui e Zâmbia.
Alexandra tinha seis anos e morava na fazenda de tabaco de seus pais quando aprendeu a disparar um rifle. Saber atirar podia significar a diferença entre a vida e a morte na antiga Rodésia, atual Zimbábue, país de adoção de sua família. Ali, a minoria branca vivia acuada por um crescente movimento armado de libertação nacional. Filha de colonizadores de origem britânica, Alexandra foi levada para a África com dois anos de idade.
Num estilo direto, ela conta suas memórias africanas, das detalhadas cenas do convívio familiar às viagens pela África dos anos 60 e 70, em países como Zimbábue, Malaui e Zâmbia. O livro apresenta o ponto de vista do branco colonizador sobre os negros, sobre as culturas tribais, sobre uma terra inóspita e perigosa - morada de doenças endêmicas, miséria, conflitos sangrentos e animais selvagens. É assim que se testemunha o racismo entranhado dos pais da escritora, incapazes de compreender a África fora do contexto colonial.
A saga familiar dos Fuller e seus dramas familiares - o alcoolismo da mãe e a morte de uma irmã e dois irmãos de Alexandra - entremeiam-se à história africana. O retrato isento que Alexandra faz dos próprios pais provoca sentimentos ambíguos, ao mesmo tempo de repulsa e de profunda identificação com o lado humano de pessoas extremamente afetivas.
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