Gêmeos, os irmãos Ivanildo e Sandro vivem em Jenipapo, cidadezinha árida do sertão nordestino. Trabalham, como quase todos ali, na lavoura de algodão. E também como quase todos, são explorados pelos figurões locais, em especial Roberto, o usineiro que detém o poder ao longo de todo o processo de produção e comercialização da matéria-prima. Os agricultores plantam, colhem e se submetem aos compradores, que estão sempre secundados por jagunços. Não há banco na cidade, e o pagamento vem com o rendimento das safras futuras. A sensação geral é de exploração pura e simples. Gerações inteiras parecem não sair do lugar. A modorra é econômica, social e emocional. Diante desse quadro, poucos — devido ao medo de violentas represálias — se articulam contra essa injustiça secular. Um dos raros a fazê-lo é Ivanildo, o "sonhador", que não se conforma com a vida que ele e sua família levam, não admite ser comandado por pessoas brutais e sente-se cada vez mais impelido a falar sobre os desmandos e injustiças em Jenipapo. Claro que isso desagrada aos chefões. E num atentado planejado contra ele, acabam ceifando a vida de Sandro, o irmão gêmeo que sempre foi alguém conformado com a vida besta (e a iniquidade sem fim) do lugar. A partir daí o leitor de Jenipapo western é engolfado numa espiral de violência e vingança — um acerto de contas familiar, mas também uma revanche sangrenta contra séculos de aviltamento.
Ficção