Última coletânea de contos publicada por Jorge Luis Borges, O livro de areia traz de volta os temas caros ao autor sob um olhar maduro e aguçado, em tradução do professor e ensaísta Davi Arrigucci Jr.
Em treze histórias muito diversas, seguidas de um breve epílogo, Jorge Luis Borges molda variações sintéticas dos temas obsessivos e recorrentes de seu percurso de contista. Com mãos experientes de artesão, imprime nelas a modelagem modesta, serena e essencial que lhes garante a eficácia pelos meios mais concisos e, de quebra, o encanto indefinível de um objeto perfeito da natureza.
"O outro" abre o conjunto pelas espirais do tempo e o motivo do duplo, que Borges aprendeu a admirar nas páginas lidas e relidas de Robert Louis Stevenson e refaz agora em delicada chave pessoal. "O Congresso" alastra-se por vastidões infinitas: a narrativa mais ambiciosa da série leva uma empresa crescente a se confundir com o cosmos e a soma dos dias, não sem antes enredar, lúdica e ironicamente, traços autobiográficos do autor em seu projeto fantástico.
A invenção diabólica de um "livro de areia" vai além das outras fábulas - todas desconcertantes e uma, pelo menos, terrível ("There are more things") -, pois contém um desígnio secreto: prender para sempre a atenção e a memória do leitor entre as folhas incalculáveis de sua monstruosa trama.
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