Nesta peça, primeira grande expressão da maturidade artística do autor russo, o personagem Treplev perscruta o futuro e nos convida a sonhar “com o que se passará daqui a duzentos mil anos”. Diante da resposta de que “daqui a duzentos mil anos não se passará nada”, Treplev replica: “Pois então que nos seja mostrado esse nada”. A Gaivota foi considerada pelo próprio Tchékhov como uma comédia sobre vidas frustradas, submissas à deterioração social em que se encontrava toda a Rússia. Diante desse cenário, seus personagens oscilam entre os cultores da ilusão, ou aqueles dominados pela inércia total, enquanto outros ensaiam, ainda que timidamente, uma nova atitude diante dos tempos futuros. Depois do fracasso da primeira montagem, uma nova e bem sucedida encenação da peça realizada por Stanislavski e Nemirovitch Dantchenko trouxe para o autor o reconhecimento que sua dramaturgia merecia.
Literatura Estrangeira / Drama