A trama nos envolve desde as primeiras cenas. Imagens traçadas em pinceladas rápidas e seguras, personagens convincentes, ação que exige uma sequência imediata. O cenário da fronteira do Brasil com o Uruguai, querência do escritor, é apresentado com suas formas e cheiros de hoje, sem saudosismos, sem folclore exagerado.
O personagem principal, Marco, assassino profissional, age com extrema naturalidade, sem exageros, como uma pessoa comum. E nós acompanhamos todos os seus atos, vigilantes, desejando e temendo o que vai acontecer. Seu capanga, Juvêncio, ganha vida e morte com um mínimo de palavras. Mas também é verossímel na sua aparência, nos seus pensamentos, no seu violão preto com cordas de aço, como alguém que nós conhecemos há muito tempo. E o mesmo acontece com Vítor e todos os personagens coadjuvantes, mesmo aqueles que só vemos rapidamente, como o uruguaio, dono do prostíbulo, que parece traçado por seu conterrâneo Mario Arregui.
Rodrigo Tavares conseguiu escrever um thriller, uma estória de assassinatos na fronteira, sem cometer os pecados usuais desse tipo de narrativa. Não é uma luta entre mocinhos e bandidos, do bem contra o mal, ou vice-versa. É, simplesmente, uma seqüência de fatos que estão acontecendo, que vão acontecer pela lógica dos personagens e do ambiente de impunidade que os cerca, como na vida real.
Muito jovem, o autor já encontrou o seu caminho. Não lhe esqueçam o nome. Ainda vai escrever outros livros preciosos e, certamente, encher as estantes de sua nova casa com muitos outros mais.
Aventura / Ficção / Romance policial / Suspense e Mistério