As sucessivas edições deste livro iluminador não constituem apenas em um êxito editorial. Tal fato é, antes de tudo, a confirmação plena de sua importância para a vida cultural do país. Este é precisamente o caso desta História da Riqueza do Homem, de Leo Huberman.
Todas as manifestações do saber humano são historicamente condicionadas. Esta verdade não abrange apenas as ciências sociais ou humanas, Leibniz, que foi o filósofo que inventou o maior número de questões, lançava no Protega a tese da historicidade da própria natureza, a orgânica e a inorgânica. Sendo o homem o único animal a modificar o meio circundante através do trabalho, criando a sua circunstancia existencial, a história da riqueza que produz não será entendida se, ao reconstituí-la, fizermos abstrações das condições sociais do trabalho e seus frutos.
Compreendendo tal exigência de inteligibilidade, Leo Huberman escreveu este livro magistral, cujo objetivo é explicar a História pelo estudo da teoria econômica e, ao mesmo tempo, explicar a Economia através do estudo da História. Aplicando esse método interativo, Huberman enlaça as duas áreas do conhecimento do Homem, enquanto produtor de riqueza e fabricante de história, conseguindo, à luz da simultaneidade, tornar mais inteligível a aventura do Homem sobre a terra e patente o seu poder de transformar a vida. Essa é a grande lição subterrânea que permeia o livro - um livro que, abordando temas aparentemente tão complexos, consegue manter um alto nível de transparência, de limpidez e clareza miraculosamente diáfana. Esta é a sua dimensão didática: ensina sem parecer estar ensinando. Não enfada: encanta. Não complica os temas: ilumina-os. A presença do humor confere a este livro um friso de obra de arte - a arte de converter a história em guia combatente da emancipação humana.
Leo Huberman foi chefe do Departamento de Ciências Sociais do New College, da Universidade Columbia, nos estados unidos. Jornalista militante, escreveu numerosos artigos, apreciados em sua quase totalidade na Monthly Review, publicação de prestígio internacional que, junto com Paul Sweezy, fundou e dirigiu até a sua morte, ocorrida em novembro de 1968.
Economia, Finanças / História