Esta obra, resultado da dissertação de mestrado de Marco Antonio Pratta, busca suprir a carência de estudos que tratam, em suas lutas e contradições, da construção política, econômica e social do Brasil, assunto praticamente desconhecido de grande parte do magistério e, principalmente, do público leigo.
Este livro surgiu da necessidade do autor de descobrir e entender em profundidade os mecanismos sociais que justificaram ideologicamente a estrutura agrário-exportadora cafeeira paulista entre o final do século XIX e início do XX, mais especificamente durante a Primeira República Brasileira ou República Velha (1889-1930).
A escolha de três instituições para a realização da pesquisa –a escola pública paulista, a Igreja Católica e o Estado latifundiário – está centrada na convergência de interesses entre o Estado oligárquico brasileiro e a Igreja Católica, convergência esta mediada pela escola.
Ao colocar em análise o projeto nacional da jovem República brasileira, que desejava manter, consolidar e expandir a estrutura agrária dominante, o autor ressalta a utilização da diminuta rede de escolas públicas como vitrine de uma suposta universalização do ensino elementar, difundida como garantia de extensão da cidadania a todos e da inclusão do Brasil no grupo dos países considerados civilizados.
Nessa direção, ao contrapor o discurso oficial à realidade existente, Pratta contribui para o desvelamento do mito em torno da "qualidade" da escola pública dos "velhos tempos". Mostra que a escola pública, em especial a paulista, apesar de assumir algumas inovações pedagógicas surgidas nos países centrais do capitalismo, estruturou-se nos moldes da escola confessional católica, modelo no Brasil por praticamente quatro séculos.