Quer se trate de romances policiais, tratados de filosofia ou manuais agrícolas, ler é quase sempre uma atividade solitária que implica, paradoxalmente, uma abertura para a linguagem do outro. Nas quatro conferências aqui reunidas, a antropóloga Michèle Petit - pesquisadora do Laboratório de Dinâmicas Sociais e Recomposição dos Espaços, do CNRS, da França - discorre de forma extremamente inovadora sobre as múltiplas dimensões envolvidas na experiência da leitura.
Partindo de dezenas de entrevistas com leitores da zona rural e jovens de bairros marginalizados na periferia das grandes cidades francesas, bem como do testemunho de escritores e suas obras, a autora demonstra - com exemplos que se adequam perfeitamente à sociedade brasileira - a importância das bibliotecas públicas e de bibliotecários, mediadores de leitura e educadores de modo geral na luta contra os processos de exclusão e segregação.
Sem receitas mágicas, mas com profundo conhecimento de causa, Petit ilumina por vários ângulos as relações entre os jovens e o livro no mundo globalizado, apostando no papel fundamental que a leitura pode representar para a construção e reconstrução do sujeito, particularmente em contextos de crise ou de grande violência social.
"No momento em que a leitura está em pauta em diferentes agendas brasileiras, este livro não poderia ser mais oportuno." (Marisa Lajolo)
Sobre a autora
Michèle Petit é antropóloga, pesquisadora do Laboratório de Dinâmicas Sociais e Recomposição dos Espaços, do Centre National de la Recherche Scientifique, na França, no qual ingressou em 1972. Desde 2004 coordena um programa internacional sobre "a leitura em espaços de crise", compreendendo tanto situações de guerra ou migrações forçadas como contextos de rápida deterioração econômica e grande violência social.
Com obras traduzidas em vários países da Europa e da América Latina, Michèle Petit já lançou no Brasil Os jovens e a leitura (2008, Selo "Altamente Recomendável" da FNLIJ) e A arte de ler ou como resistir à adversidade (2009), ambos pela Editora 34.
Não-ficção