Chegamos assim até o portão do jardim do Getsêmani, portanto, entremos: porém, primeiro, tiremos os sapatos, como Moisés quando viu a sarça ardendo com fogo que não se consumia. Certamente podemos dizer com Jacó: “Que terrível é esse lugar!” Temo diante da tarefa que tenho a minha frente, pois, como meu débil discurso poderia descrever essas agonias, para as quais os fortes clamores e as lágrimas seriam escassamente uma adequada expressão? Quero, juntamente com vocês, repassar os sofrimentos de nosso Redentor, mas que o Espírito de Deus nos impeça qualquer pensamento fora de lugar ou que nossa língua expresse uma só palavra que seja depreciativa para Ele, seja em Sua humanidade imaculada ou em sua gloriosa Deidade.
Não é fácil quando se está falando de Alguém que é por sua vez Deus e homem, manter a linha exata da expressão correta; é tão fácil descrever o lado divino como se estivéssemos entrincheirados no humano, ou retratar o lado humano às custas do divino. Por favor, perdoem de antemão qualquer erro. Um homem precisa ser inspirado, ou limitar-se nada mais às palavras inspiradas, para poder falar adequadamente sobre o “grandioso mistério da piedade,” Deus manifestado em carne. Especialmente quando esse indivíduo tem que refletir sobre Deus manifesto tão claramente na carne sofredora, que as características mais frágeis da humanidade se convertem nas mais notórias. Oh Senhor, abra Tu meus lábios para que minha língua possa falar as palavras corretas.
Charles Spurgeon