As sibilas da mitologia tinham o dom divino de conhecer o futuro. A Sibila de Agustina Bessa-Luís é algo mística, mas é tida como adivinha por causa da argúcia psicológica de que se vale de modo consciente a fim de superar o passado de problemas muito terrenos de sua família. A Sibila é um labirinto histórico que trata de três gerações dos Teixeira, donos faz mais de dois séculos da Casa da Vessada, fazenda no interior de Portugal. Quina é a Sibila. Entre rezas e conselhos a gente do povo e da aristocracia, reergue as finanças familiares, arruinadas pelo pai, perdulário e mulherengo. As mulheres refazem os negócios; os homens são indolentes, oportunistas e mesquinhos. A vida da independente e solteira Quina é lembrada em meados dos anos 1950 pelo ponto de vista da sobrinha, Germa, última herdeira do clã, que conta com idas e vindas no tempo e amor ao detalhe local um século de transformação da vida portuguesa. A riqueza da narrativa levou ao sucesso este segundo romance da Bessa-Luís, nascida em 1922 e a mais premiada escritora portuguesa.
Torres Freire - Colunista da Folha