A vida dos marinheiros no cais de Salvador, com sua rica mitologia que gira em torno de Iemanjá, é o tema central de Mar morto, um painel lírico e trágico sobre a luta diária desses trabalhadores pela sobrevivência.
Personagens como o jovem mestre de saveiro Guma parecem prisioneiros de um destino traçado há muitas gerações: os homens saem para o mar que um dia os tragará, levando-os com Iemanjá para as lendárias terras de Aiocá, e as mulheres os esperam resignadas no cais. No dia em que eles não voltarem, elas cairão na miséria ou na prostituição. Lívia, amada que busca em vão libertar Guma do chamado do mar, desempenhará um papel pioneiro na mudança de condição da mulher. Em torno de Guma e Lívia entrelaçam-se os dramas de inúmeros personagens muito vívidos: do preto Rufino e sua volúvel mulata Esmeralda; do velho Francisco, tio de Guma, que conserta redes desde que se tornou incapaz de enfrentar o mar; da valente e desbocada Rosa Palmeirão, de punhal no peito e navalha na saia.
É com grande lirismo que Jorge Amado narra esse cotidiano de trabalho árduo, marcado pelo risco de vida que se apresenta a todo momento. Em Mar morto, homens e mulheres do cais da Bahia vivem cada dia como se fosse o último. Paixão e trabalho, instinto e sobrevivência se conjugam de maneira trágica.