Em Marx: estatuto ontológico e resolução metodológica, J. Chasin, um dos grandes filósofos brasileiros, faz uma reflexão apurada sobre as conexões entre forma e conteúdo. A partir do legado marxiano, o autor busca reproduzir – pelo seu próprio interior – o trançado determinativo desses escritos, ao modo como o próprio Karl Marx os concebeu e expressou.
A obra surgiu originalmente como um posfácio ao livro de Francisco José Soares Teixeira, Pensando com Marx, mas ganhou autonomia enquanto uma apurada e inovadora tentativa de apontar para a insuficiência das interpretações usuais do tecido teórico em Marx e também, como consequência inexorável, em Georg Lukács, a quem Chasin dedica todo um capítulo na obra. O livro busca desnudar o aspecto constitutivo desses autores para vislumbrar seu legado e as perspectivas transformadoras inerentes às suas teorias. Para Chasin, a ontologia marxiana não é um sistema de verdades absolutas e abstratas, mas, antes de tudo, um estatuto teórico. É a aplicação da dialética materialista ao próprio Marx.
Nas palavras de Ester Vaisman e Antônio José Lopes Alves, que assinam a apresentação da obra, “Chasin dedicou sua vida ao programa de renascimento do marxismo e, assim, como no caso do filósofo húngaro [Georg Lukács], não se tratou nunca de um projeto intelectual como um fim em si mesmo, encerrado em seus limites hoje tão estreitos! Tratava-se, acima de tudo, de fazer a obra de Marx objeto de estudo rigoroso, com miras reais bem estabelecidas: compreender o mundo e visualizar as possíveis vias de sua transformação”.