“O amor são os espaços em mim que não posso preencher sozinha. Mas quando preencho esses espaços, devo me sentir livre, devo sentir a liberdade e não a dependência”. Assim a personagem, ainda sem nome, responde ao ser questionada sobre o que é o amor. Ao ter seu corpo e desejo represados nas expectativas sufocantes e irreais que a sociedade lhe impõe, foge-lhe da lembrança o que é ser ela. O livro faz pensar em muitas coisas sobre nós mesmos, na finitude da vida, sobre escolhas, sobre identidade. Principalmente sobre a identidade da mulher mãe que muitas vezes precisa ser reconstruída, recriada. Precisa talvez dissociar-se das outras identidades da casa, dos filhos, do marido, porque em algum momento essa mulher não consegue ver fronteira entre as outras pessoas da casa e ela mesma. Ao mergulhar na filosofia de Spinoza e a partir das afecções com uma nova pessoa em sua vida, ela olhará para sua rotina de uma perspectiva diversa, o caos que invadirá sua existência provocará intervalos e, entre uma fuga e outra, ela se conectará com o seu destino.