Uma longa tradição atribui ao olhar do estranho - do selvagem, do camponês, do animal - a capacidade de desvendar as mentiras da sociedade. E por quê? Por que, na Idade Média, durante os funerais dos reis da França e da Inglaterra, levava-se em procissão um boneco chamado "representação"? Você mataria um mandarim chinês desconhecido se lhe oferecessem um bom dinheiro? Jesus era cristão? Por que recorremos com tanta freqüência a metáforas visuais como "perspectivas" ou "ponto de vista"?
Nessas "Reflexões Sobre a Distância", o historiador Carlo Ginzburg mostra que é impossível contar a história da civilização européia sem falar de seus contatos com outras civilizações.
Cada um dos nove ensaios reunidos desenvolve uma ideia escolhida pelo autor como representativa desses contatos. Cada ideia é exposta através de pontos de vista diferentes, e nas correspondências entre essas diferentes perspectivas descobre-se a continuidade do pensamento de um dos mais importantes historiadores da atualidade. Olhos de madeira nos ensina que o convívio com os outros constitui não apenas uma experiência enriquecedora, mas é o desafio de toda a história.