Entre a crônica autobiográfica e o ensaio filosófico, Paul Preciado oferece uma obra radical e visionária sobre gênero e sexualidade no mundo contemporâneo.
Entre 2007 e 2008, durante vários meses e ainda com a identidade de Beatriz Preciado, o autor se "intoxicou" por conta própria com testosterona, "reprogramando" seu corpo de feminino para masculino e assim iniciando a travessia para transformar-se em Paul B. Preciado. Mergulhado nesse "experimento político que durou 236 dias e noites", o filósofo espanhol registra as mudanças físicas e psicológicas que vivenciou, como o engrossamento da voz e o crescimento excessivo de pelos, além de um aumento perceptível no desejo sexual e na agressividade. Usando essa experiência como ponto de partida para desconstruir e questionar as diferenças de gênero como as entendemos hoje, Preciado argumenta que a classificação de gênero masculino-feminino nada mais é do que uma construção sociopolítica imposta com base no reconhecimento social, pois a identidade sexual é uma condição fluida e não estagnada.