@apilhadathay 09/09/2012
BOM =)
Ela é a mais rebelde de Sparks e não poderia ter tido uma melhor atriz para interpretá-la, exceto, possivelmente, Dakota Fanning. A própria Miley escolheu o nome "Veronica / Ronnie" para a personagem, segundo os agradecimentos de Sparks, no início do livro, nos revelam. Esta é uma bela história, emocionante e, por vezes, revoltante, sobre como podemos "quebrar a cara bonito", várias vezes, antes de entender o que realmente importa na vida. Este é mais um livro que conheci após o filme, e mais uma história que me gerou sentimentos paradoxais.
"Famílias felizes são todas iguais; cada família infeliz tem sua própria maneira infeliz de ser." (Tolstoi, citado na p. 129)
Ronnie está para fazer 18 anos e, desde os 14, não fala com o pai, que se separou de sua mãe e deixou New York para viajar pelos Estados Unidos, investindo na carreira de pianista. Mas ele abandonou também seus planos e fixou residência em uma praia da Carolina do Norte. Veronica Miller ama o irmão, Jonah, e também sua mãe, Kim, embora tenha decidido revoltar-se com o mundo. E é com estranheza e revolta que Ronnie descobre os planos de sua mãe para aquele verão: ela e Jonah ficariam dois meses inteirinhos com o pai, em Wrightsville.
Além de tocar piano, Steve acaba concentrando-se na construção de um fabuloso vitral para a igreja da cidade, que foi quase totalmente destruída por um incêndio, há algum tempo. Ronnie, naturalmente, faz todo o possível para mostrar o quanto odeia estar ali... Pelo menos até distrair-se com a beleza épica de Will, um belo jogador de vôlei de praia e sonho de consumo de 100% das garotas locais. Ela nem imaginava que uma paixão era apenas uma das coisas naquele verão que marcaria sua vida para sempre.
À medida que avançamos na leitura, percebem-se pontos claros: a história tem personagens fortes, de personalidade marcante e espírito ousado, mesmo aqueles que, à primeira vista, parecem passivos. O livro foi uma daquelas lições "tapa na cara" sobre os problemas que podem vir de más amizades [ou melhor, más companhias, porque amizades são sempre boas]. Além disso, apresentou de forma interessante os dramas e bençãos do relacionamento parental: amor, perdão, raiva, aceitação pelo que não se pode mudar, consequências de um divórcio naqueles que mais sofrem - os filhos.
"A verdade só tem significado quando é difícil de ser admitida." (P. 323)
Gostei muito da abertura que o autor deu a esportes não tão popularizados na literatura, como o vôlei e a ginástica, bem como a abordagem da sobrevivência das tartarugas marinhas. Também é fato que ele pode viajar pelo planeta, mas sempre haverá um mundo novo a ser contado dentro da Carolina do Norte; Nicholas é apaixonado por aquele lugar, com razão. Curti ainda a forma como ele alternou pontos de vista a cada capítulo, dando espaço a personagens secundários e seus pensamentos contrastantes, mas sem perder a linearidade da história.
O FILME: A escolha do casting também foi suprema, a essência do que cada um deveria representar ficou claro na telona. A química entre Ronnie e Will foi muito bem interpretada por Miley e Liam - continuando, inclusive na vida real e culminando no noivado. Devo destacar a atuação de Bobby Coleman, que interpreta Jonah, meu personagem favorito no livro e no filme, e que representou todos os pontos altos da história.
O que não poderia faltar... Primeiro, o romance entre Ronnie e Will é lindo, mas não perfeitinho: tem seus altos e baixos, e isso é o que o torna gostoso [vai dar certo desse jeito? O que farão agora? Ela já vai estrangular Will, ou pode ser depois?]; segundo, Nicholas é cristão, e sempre nos apresenta com uma mensagem bacana de fé, através de um de seus personagens e do contexto.
"Tenho fé de que Deus irá lhe mostrar a resposta. Mas é preciso entender que, às vezes, leva um tempo para conseguir reconhecer o que Deus quer que façamos. É assim que frequentemente acontece. A voz de Deus é geralmente não mais que um suspiro, e você tem que estar muito atenta para ouvi-la." (P. 345)
Porém...
Nicholas conseguiu escrever um livro pelo qual eu não me apaixonei por completo. Gostei muito dos pontos isolados e da força dos personagens em seu mundo, mas ao final tive a sensação de que algo não estava ali, como uma peça encaixada no quebra-cabeças, mas de cor diferente do que o jogo pede. Por exemplo, algo que me desagradou foi como eventos secundários parecem se interpor a fatos principais sem nada acrescentar, e outros que se estenderam demais. Em certo ponto, lembro de ter pensado "Anda logo com isso, Sparks". Por isso, gosto mais do caráter enxuto e lépido do filme.
Quando vi THE LAST SONG pela primeira vez, eu chorei como não o fazia há muito tempo. Pensei Como esse homem pode falar de problemas de família o tempo todo e nos abalar sempre? No caso do livro, tive reações diferentes, mas nenhuma que revolucionasse o meu coração; simplesmente, não criei uma conexão de forma integral. Encontrei muitos erros de revisão bobos que poderiam ter sido evitados e acredito que, em uma próxima tiragem, sejam revistos [minha edição é de 2010]. Não me aborreceram tanto no começo, mas porque continuaram aparecendo, aqui e ali. Alguns clichês adolescentes, como popularidade e diferenças sociais fecharam o quadro para impedir que este livro entrasse no hall dos meus favoritos do autor.
"A vida, entendeu, era bem parecida com uma música. No começo, há mistério, e no final, confirmação, mas é no meio que reside a emoção e faz com que toda a coisa valha a pena." (P. 369)
Como fã de Sparks, entrei na história esperando muito dela, então recomendo para quem é fã também. Você vai encontrar uma história legal, mas não crie muita expectativa, se espera ação o tempo todo. Assim, poderá apreciá-la melhor ;-)