Bia 17/07/2014
Eu não tenho palavras pra expressar em um título o quanto esse livro é ruim.
Avisando que a resenha contém alguns spoilers!!!
Bem, vai ser difícil abranger tudo o que eu gostaria de falar sobre essa obra de "exemplo de coisa ruim"...
Primeiramente, preciso explicar a historia: Um casal de irmãos (Ronnie e seu irmão mais novo) vai passar as férias com o seu pai na praia pra tentar se reaproximar dele (porque ele se divorciou de sua mãe e ficou difícil de manter o contato). A filha mais velha guarda um imenso rancor de seu pai por conta da separação e não gosta da ideia de passar o mês com ele, mas é obrigada por sua mãe (por motivos mais tarde descobertos) e acaba cedendo. Durante essa viagem, a menina repensa seus motivos de revolta contra o pai e conhece o seu primeiro e verdadeiro amor (amor?????).
O objetivo do autor foi mostrar a reaproximação da filha rancorosa com o seu pai e a descoberta do amor durante a sua adolescência, só que de forma emocionantííííííssima (hein?????)! Poderia, é claro, ser uma historia interessante de reaproximação. O problema do livro não está na sua ideia central, mas na forma como ela é desenvolvida...
Os personagens são do tipo que só seriam mais superficiais se pertencessem a algo do tipo "branca de neve e o caçador". Realmente não há outra forma. O caráter deles é determinado através de rótulos considerados como bons e corretos, como praticar uma religião, ouvir música clássica, ler livros clássicos, ter uma alimentação vegetariana, não viver promiscuamente, não beber e não fumar e blá blá blá (isso no caso de serem pessoas "de bem")... Ou seja, o livro tem o seu teor de preconceito, não se posicionando contra algum grupo de pessoas, mas pregando a maneira benéfica de viver através de estereótipos.
Durante a leitura, é mostrada a mudança de atitudes de Ronnie, que de início não quer se aproximar do pai, mas que o faz aos poucos, culminando quando descobre que seu pai sofre de uma doença terminal (esse é o motivo de a mãe ter obrigado a viagem). Esse ponto da história é o marco inicial da tentativa do autor de emocionar os leitores, a descoberta de que essa é a última chance de se reconciliar com seu pai. É dessa forma mesmo que o laço sentimental ganha um sentido na vida da garota e ela decide que precisa cuidar dele até o fim, invertendo completamente o seu comportamento anterior, não ocorrendo um bom trabalho psicológico da situação.
Quanto ao seu verdadeiro amor, um garoto chamado Will Blackeelee, rico, bonito, gostoso e jogador de vôlei, tudo se passa de forma extremamente clichê. Ela, uma menina excêntrica (daquela forma estereotipada, é claro) que possui uma mexa violeta no cabelo e anda com roupas de associações de proteção de animais, esbarra com ele, príncipe perfeito (mais uma vez, estereotipado, é claro), e eles começam a se falar por causa de não lembro o que que ele derruba em cima dela e pede desculpas (sintam a originalidade no ar, sqn) e se encontram mais vezes casualmente até que a coisa funcione...
Durante os encontros do casal Ronnie e Will, não é possível compreender de forma alguma porque um se apaixona pelo outro. Will é um garoto medíocre, não se sabe o que há de interessante na personalidade dele, mas ronnie diz admirá-lo porque ele não esconde sua verdadeira face (não é dissimulado (nem oblíquo Haha)). É curioso que, nos encontros do casal, estão inclusas atividades como caçar, Will faz uma garota vegetariana ir caçar com ele, ela vai (siiiiiiim, ela vai) e ela ainda se apaixona!
Eu nunca tinha visto um casal tão sem química em nenhum livro... Não há emoções nem cumplicidade a serem captadas por quem lê. E não para por aí, Will tem atitudes impulsivas e descontextualizadas ao longo da história, tipo alguém que estivesse comendo um pedaço de bolo e derrubasse o seu guarda-chuva na piscina da casa da xuxa porque deu vontade mesmo que ainda sejam quatro da tarde, coisas que você lê e não compreende a lógica, nada dissimulado mesmo. Bom pra ronnie...
O único defeito da relação é a distância, porque will é nativo da praia e ronnie apenas está passando suas férias no local... Mas, graças a deus, no final, will passa em um vestibular pra uma faculdade na cidade onde ronnie mora. O reencontro é emocionante porque ambos tem certeza que foram feitos um para o outro e que vão ficar juntos pra sempre. Amém.
Bem, sintetizando as críticas finais, esse livro é muito muito muito superficial...
Falando agora em nicholas sparks de uma forma geral, parece que seus livros possuem todos a mesma estrutura. Um casal apaixonadíssimo (e com muita química, certamente), alguém com uma doença séria ou ainda terminal, e não esquecer, é claro, que o casal sempre corre o risco de se distanciar por morarem em cidades diferentes...
Muitas pessoas acham que nicholas sparks é um bom escritor e um verdadeiro conhecedor da alma humana. Mas é preciso entender que não é porque um livro emociona a ou até faz chorar que ele é de fato bom (naaaaao, eu não chorei. Não mesmo. Nem senti emoção nenhuma). Essa é a estratégia do autor para parecer bom: aflorar as emoções de quem lê. É como se o auge da leitura fosse o choro. Um choro implicando nos aplausos...
Exemplificando a superficialidade: há um trecho no livro, quando ronnie percebe que, pela falta de convivência, não conhece muito bem o seu pai, em que ela se indaga "não sei nem qual sua cor preferida..." mas, isso não tem nada nada nada a ver com conhecer uma pessoa... Isso é um pensamento tão supérfluo da personagem...
Realmente não da pra engolir esse livro. Não recomendo nem pra pessoas novinhas.. É moralista e medíocre... Não dá mesmo... Nicolas sparks possui uma fórmula pra vender. Essa é a verdade. Talvez até ele tenha a capacidade de escrever algo melhor, mas não tenha a ousadia...
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