tavim 30/03/2024
Canção para ninar menino grande, de Conceição Evaristo
Só se ver a si mesmo, no empenho de exaltar seu próprio ser, por puro prazer, abre o oco do peito. é menino no sentir, é menino no dizer, é menino no querer; é menino e nada inofensivo. masculiniza as formas e amores, jus às juras generosas e vazias. no seu envelhecer ainda performa feito menininho, livre de responsabilidades. mas, com o vácuo completamente saciado pode, numa gotinha de senso, vinda do alheio, lhe afogar: quantos meninos mais, nesse assim, serão por causa dele?
no romance canção para ninar menino grande, múltiplas mulheres se deparam com o galanteio de fio jasmim, que costura promessas de amor vãs umas às outras, deixando-as presas num nó que nunca se deixa desatar. com sua já conhecida escrita primorosa, conceição evaristo destaca como as personagens lidam com os rastros deixados pelo amante, como conduzem seus sentimentos, seja na tristeza ou no desejo de vingança. um ótimo livro para se questionar sobre vontades e vazios dos relacionamentos, e também sobre esse ato insistente de dar colo e amparar a meninice de homens adultos.
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