Pedro4038 18/08/2024
O Príncipe Negro
Fio Jasmim, quando criança, foi negado o papel de príncipe numa peça da escola por causa da cor de sua pele e, com isso, cresce tentando ser esse príncipe negro. Ele se torna um maquinista que busca conquistar uma mulher em cada cidade que visita a trabalho incentivado por seus colegas e sua fantasia infantil, mesmo já tendo marcado seu casamento com Pérola Maria.
O interessante desse livro é que ele se foca mais no ponto de vista das mulheres as quais ele atravessa a vida e os impactos que causou com isso, seja uma gravidez, exclusão por parte da família, ou, até mesmo, a morte. Ele nunca assume responsabilidade pelas suas ações e, também por isso, Conceição Evaristo o compara com uma criança, um eterno menino no corpo de um adulto.
É possível que Fio Jasmim não seja um homem só, mas se faz aqui um artifício narrativo porque bem o poderia ser. Esses homens representam a mesma coisa para todas essas mulheres e, por isso, a autora o caracteriza dessa forma como um único homem, como se construísse com esse livro uma figura folclórica. Essa hipótese é reforçada com a fala da autora que admite que esse livro contém partes iguais de veracidade e ficção