Vitória 06/09/2023
Eu sou muito fã de romances históricos, mas acho que, justamente por gostar tanto do gênero, acabo sendo muito exigente com livros desse tipo, e são poucos os que me agradam. Lembro que a última a me pegar de jeito foi a Kate Quinn. Li A Rede de Alice em 2021 e A Caçadora ano passado, os dois favoritos da vida, mas desde então os romances históricos só caíam na minha mão pra irem embora da minha casa assim que eu terminasse de ler. Isso mudou bem aqui, com a Lily Graham. A mulher juntou Zafón e Kate Quinn, dois dos meus autores favoritos da vida, em um livro só, e o resultado foi espetacular.
Iniciei essa leitura já com um pé atrás por ser um livro curto. Eu sou daquela pessoa que gosta de calhamaço, que gosta quando o autor desenvolve bem os protagonistas nos seus mínimos detalhes, e acabo achando que, em livros menores, isso não é feio de uma forma tão perfeita. Aqui a querida me mostrou que eu estava errada. A escrita dela é fluida, o livro definitivamente não fala sobre assuntos leves, mas a curiosidade sobre o passado da Valerie e 500 outros assuntos é tão grande que eu simplesmente não conseguia parar de ler. Se tivesse pego ele em um dia mais tranquilo, eu facilmente conseguiria concluir a leitura em um dia só. Os personagens são bem desenvolvidos, apesar das poucas páginas, porque a autora não perde tempo com nada. O trabalho de edição aqui é muito bem feito, porque nenhuma cena é colocada sem um propósito.
O detalhe de grande parte da história se passar numa livraria foi a cereja do bolo. Em um minuto eu fui transportada de volta à Sempere e Filhos, e fazer algo minimamente semelhante ao meu livro favorito da vida não é pra qualquer um. A Valerie e o Dupont são leitores no sentido mais intrínseco da palavra. Dá pra perceber só pelo carinho com que os dois falam de certos títulos que parte da felicidade deles está dentro de páginas, e é impossível que um leitor não seja conquistado por isso. Sem falar que o Dupont é hilário. Eu gargalhava alto com qualquer mínima conversa entre os dois onde ele colocava os autores franceses um degrau acima de todos os outros, e só por esses trechos também deu pra perceber que a autora é uma grande leitora.
A Valerie é uma personagem muito carismática. Nas partes narradas por ela eu sentia quase como se fosse uma amiga minha me contando uma história. Eu me apeguei fácil a ela e torci demais pela personagem. Os sentimentos, as incertezas e seguranças dela são tão bem descritas que eu imergia nisso tudo de um jeito que era quase como se estivesse acontecendo comigo. Sem falar no romance. Freddy é um príncipe. A gente percebe na primeira página que ele também está apaixonado por ela e guarda isso em segredo, mas nada disso faz com que a trama perca a graça, pelo contrário. Eu ficava ansiosa por cada encontro deles, cada encosto de mão, e gritei feito uma louca quando eles finalmente se abriram um para o outro. É uma história de amor linda e muito verdadeira.
A trama do passado foi a que menos me conquistou, e por isso o livro perdeu meia estrela. Eu não sentia meu ritmo de leitura diminuir, porque ainda estava curiosa pra saber o que tinha acontecido nos mínimos detalhes, mas é inegável que a Mireille não me pegou da mesma forma que a filha dela. O romance dela com o Mattaus é bom, mas aqui foi o único momento em que eu senti falta de algumas páginas a mais. Eu não conseguia acreditar no sentimento dos dois da mesma forma que eu acreditava no da Valerie e do Freddy. No fim das contas aqueles que eu mais gostei da trama do passado foram Dupont e Clotilde, porque eu já estava apegada a eles no presente. De toda forma, é um livro incrível. Achei importante a autora ter trazido um livro de guerra que foge do óbvio que vemos todo dia pelas livrarias, e mostra que as consequências ruins desses conflitos não acabam no momento do cessar fogo.Minha primeira compra na loucura de 5,99 do submarino valeu muito a pena, e eu com certeza irei ler tudo o que essa mulher publicar.