Andre.28 16/08/2020
Um clássico da literatura pernambucana, nordestina e brasileira
João Cabral de Melo Neto foi um diplomata e consagrado literato pernambucano que teve papel muito importante no cenário da poesia nordestina em meados da década de 1950. Para João Cabral, este período se caracteriza a consolidação de uma linguagem marcaria o aprimoramento da sua poesia nas décadas seguintes. Com um estilo simples, porém marcado pelo concretismo, descrição de paisagens e abstração filosófica, as poesias e poemas de João Cabral tem marca registrada na literatura pernambucana, nordestina e brasileira. Este clássico da literatura pernambucana é composto por uma coletânea de poemas - O Rio (1953), Morte e Vida Severina (1954-55), Paisagens com Figuras (1955) e Uma Faca sem Lâmina (1955). Em “O Rio”, João Cabral aborda a perspectiva do rio Capibaribe e do povo pernambucano: uma visão narrativa de caráter documental e antropológica.
No seu poema mais consagrado “Morte e vida Severina”, publicado pela primeira vez em 1956, temos um caráter poético mais popular e social, retratando a vida do nordestino Severino, e a sua sina de retirante em fuga da seca agreste, onde mais uma vez segue curso do rio Capibaribe até o Recife. Em “Paisagens com Figuras”, temos uma miscelânea poética que aborda uma alternância entre as descrições das paisagens de Pernambuco e da Espanha, numa espécie de “ping-pong”. Por último temos “Uma Faca sem Lâmina”, poema de caráter filosófico, de uma densa abstração descritiva e alegórica.
Com excepcional e peculiar forma de escrita, João Cabral constrói toda uma extensa narrativa poética, uma carreira que marcou o seu nome na literatura brasileira. É um livro pra ser apreciado, – assim como qualquer poesia. Particularmente consegui compreender os referenciais do autor. Poemas tem um caráter muito peculiar. É uma forma literária que necessita uma compreensão mais abstrata da linguagem. É uma espécie de abordagem que nos serve como porta, como reflexo de sentimentos, de compreensões de mundo. É assim que compreendo narrativas poéticas, especialmente as que compreendem a concretude do mundo como as de João Cabral de Melo Neto.