Arthur.Bezerra 18/11/2021
O livro é uma coletânea de 4 poemas do grande poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999).
O Rio: Um poema que me surpreendeu e agradou bastante no que diz respeito ao narrador. O próprio rio Capibaribe narra seu trajeto desde a nascente até o mar e vai descrevendo os lugares que passa, as pessoas, as paisagens e vai adquirindo o conhecimento, como se fosse uma criança chegando à fase adulta. No fim, sua vida se "encerra". A marca dessa obra são as experiências vividas pelo protagonista e seu olhar detalhista que caracteriza com tanta emoção o que está a sua volta. Por um momento me fez lembrar da música "A Vida de Viajante" de Luíz Gonzaga e Gozaguinha. Foi certamente o meu preferido entre os quatro.
Morte e Vida Severina: A obra que para muitos consolidou João Cabral; a obra que é vista como mais reconhecida dele. Tem tal importancia que dá nome ao livro. Nesse poema temos Severino, que é um entre outros diversos espalhados pelo vasto sertão. Talvez seu nome nem seja Severino, visto que este nome acaba sendo usado como um termo que define todos aqueles que moram no sertão e se encontram em estado semelhante ao do nosso protagonista : um ser humilde, que se vê em meio ao desemprego e à fome; um, digamos, zé ninguém; uma pessoa que está marcada pelo lado ruim da vida, marcada pela morte severina. E é assim que acompanhamos o pobre Severino até Recife, sonhando juntos para que este encontre finalmente uma boa qualidade de vida. E é nessa caminhada que descobrimos o outro lado da moeda que é a vida, o lado bom desta, a vida severina. Um poema realmente brilhante, que traz bastante reflexão e faz jus a sua fama.
Dois Parlamentos: A história apresentada nesse poema se divide em duas partes, dois contextos. Em um momento vemos uma comparação entre o sertão e um cemitério, já em outro nos deparamos com os habitantes do engenho. As estrofes são precedidas de números, mas estes parecem estar de forma aleatórias.
O Auto do Frade: Mais um poema de enredo deveras interessante. O leitor é convidado a se unir ao povo e caminhar junto com o revolucionário Frei Caneca, naquele que seria seu último dia na Terra.