Ana Júlia Coelho 23/01/2023Nikki se candidata a uma vaga de trabalho onde as expectativas da contratante não ficam muito claras. Ela acha que vai dar uma oficina de escrita; a contratante (Kulwinder) quer que ela ensine mulheres mais velhas a lerem e escreverem; no final, vira tudo uma grande contação de histórias eróticas.
As alunas são mulheres indianas e viúvas. Com saudade de seus maridos, deixam a imaginação fluir e compartilham suas fantasias com as outras ali presentes. Uma delas se responsabiliza por escrever as histórias (já que as outras têm dificuldades em expressarem-se em inglês), e essa situação toda sai do controle. Um conta pra um, que conta pra outro, que compartilha a história com o vizinho e o amigo e pronto: a existência desse grupo cai na boca do povo. Só não podem deixar a Kulwinder saber, pois ela é muito conservadora.
Em meio a toda essa safadeza arrastada por capítulos intermináveis, também ronda um mistério com mortes antigas e suspeitas. Por conta de toda a cultura indiana, a morte da filha de Kulwinder foi dada como suicídio, mas algo estranho ainda parece reverberar mesmo depois de tanto tempo.
Essa história me agradou pouquíssimo. Além da autora conseguir enfiar TRÊS cânceres aleatórios, os capítulos são intermináveis e algumas personagens são podres. O desfecho do caso da filha de Kulwinder... Pelo amor de Deus. Que pista mais forçada. Revirei os olhos quando li.
Outra coisa que me irritou foi a hipocrisia em cada página. A ?cultura? crucifica certas coisas, mas outras ? absurdas ? incentiva. Tipo casar uma criança de 10 anos com um cara de 40, super comum. Além, claro, do lugar da mulher na sociedade deles. Ranço. Tudo bem que tem Nikki dizendo como tudo isso é errado, mas mesmo assim me incomodou. Podia ter passado sem essa imersão numa cultura tão atrasada.
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