Luiza Helena (@balaiodebabados) 25/11/2020Originalmente postada em https://www.balaiodebabados.com.br/"Era uma vez. É assim que a história começa."*
The Invisible Life of Addie LaRue é um livro que já nasceu aclamado. Considerado pela Schwab como a obra da sua vida, ela levou nada menos que dez anos para finaliza-lo e lançar. E ela entregou aqui muito mais que eu esperava.
Alternando entre passado e presente, vamos acompanhar Adeline se transforma em Addie. Sim, se transformar; a Addie de trezentos anos não permanece a mesma ao longo dos anos, consequências de sua vivência durante o tempo. Em troca da liberdade em viver sua vida como quiser, a jovem faz esse acordo e a consequência é nunca ser lembrada por ninguém. Addie é determinada, sonhadora, espírito livre, um tanto teimosa, romântica, esperançosa... e todas essas características vão se adaptando à sua personalidade através dos anos que vive.
"Não quero pertencer a ninguém, não quero pertencer a ninguém senão a mim mesma. Eu quero ser livre. Livre para viver e encontrar meu próprio caminho, para amar ou para ficar sozinha, mas pelo menos é minha escolha, e estou tão cansada de não ter escolhas, com tanto medo dos anos que passam correndo sob meus pés. Não quero morrer como vivi, o que não é vida."*
Durante a história, Schwab desenvolve bem a questão de presença, existencialismo, lembranças e memórias. No fato de Addie não ser lembrada por ninguém, ela trabalha o fato de como você quer deixar sua marca no mundo e nas pessoas, como você será lembrado quando partir...
"O que é uma pessoa senão as marcas que deixa?*"
Outro ponto bastante interessante é a ligação de Addie com os vários tipos de arte, seja pintura, literatura, música. Combinado com a escrita melancólica e um tanto triste da Schwab e a narração em terceira pessoa, a leitura se torna muito intimista e não tem como você não se apegar à Addie e sua história. A metalinguagem utilizada aqui foi mais que uma grata surpresa.
"As histórias são uma forma de preservar a si mesmo. Para ser lembrado. E para esquecer.*"
O início do livro pode parecer um pouco lento, mas essa lentidão é essencial para que conheça Addie e suas motivações. Os personagens secundários (e aqui entra qualquer um dos montes de relacionamentos amorosos que a personagem teve) são muito bem trabalhados e têm sua devida importância.
Assim como a Denise (Queria Estar Lendo) pontuou na sua resenha, o fato da história e Addie se ater somente no ambiente europeu e americano foi um detalhe que não curti muito. Durante 300 anos, e deste uns 200 vivendo somente na França, senti que a Addie poderia ter se aventurado mais pelo mundo com sua imortalidade. Porém, Schwab recompensa no quesito representatividade lgbt+, incluindo a própria protagonista.
“Todos nós temos cicatrizes de batalha”, diz ela. “Pessoas do nosso passado.”*
Ao iniciar esse livro, não sabia bem que história a Schwab entregaria e foi muito melhor que eu esperava. Com certeza o hype nesse livro é mais que real e espero que logo todos tenham a oportunidade de ler The Invisible Life of Addie LaRue. (Inclusive um título nunca fez tanto sentido). Não dei mais detalhes porque esse é o tipo de obra que tem de ser vivida!
"Que luxo contar uma história. Para ser lida, lembrada."*
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