Margô 20/09/2022
Germe da terra, reação... revolução.
"Num ímpeto, pendurou-se ao rapaz, procurando sua boca, onde colou apaixonadamente a sua. As trevas desapareceram, voltou a ver o sol, readquiriu um riso calmo de enamorada. Ele, trêmulo de a sentir assim contra a sua carne, seminua sob a jaqueta e as calças, cingiu-a, num despertar de virilidade. Realizou-se enfim sua noite de núpcias no fundo daquele túmulo, sobre um leito de lama, na ânsia de não morrerem sem antes serem felizes, no obstinado desejo de viver, de gerar vida pela última vez. Amaram-se desesperados de tudo, afundando na morte." (p. 442)
Este fragmento, diz muito do que é a vida presa ao poço, que transita nas páginas do GERMINAL. Assim como o título, a obra é forte o suficiente pra que você antes de dormir fique com as cenas na cabeça. É bem assim.
Li GERMINAL pela segunda vez. A primeira vez que li, o impacto foi grande...vivia uma época de repressão maior em nosso país, e parecia que aquele livro trazia o caminho das pedras.
Hoje a leitura ainda é impactante, por ser uma tragédia social que não mudou. Apenas obscurecida por alguns atenuantes assistencialistas.
Super recomendo a leitura. Não só para o leitor adulto, mas também para jovens que desejam entender como funciona o capitalismo, na sua face mais selvagem.
O enredo é altamente atrativo, e além de outras sensações, a fome é algo que parece criar corpo, e se incorporar na nossa essência. Uma escrita fantástica!
É isso.