renanmteles 30/05/2023
No fandom de Star Wars o carinho pela Claudia Gray é quase unânime (eu pelo menos vi poucas ressalvas em relação a ela) e agora finalmente entendo o motivo.
Não sei se foi o contraste de ter acabado de ler um livro do universo expandido que achei bastante irregular ("Ahsoka" da E.K. Johnston), mas achei a narrativa de "Na Escuridão" ótima e manteve - na maior parte do tempo - o bom ritmo de "Luz dos Jedi". E digo na maior parte, já que na reta final o livro começa a ficar um pouquinho repetitivo, com um vai e volta que causa um certo cansaço, ainda que o saldo final seja extremamente positivo.
Alguns personagens e suas tramas se destacam mais que outras. O livro tem uma quantidade considerável de personagens bastante carismáticos, cada qual com o seu próprio arco a ser desenvolvido e isso é bem interessante, já que a progressão deles acontece - novamente, na maior parte do tempo - de maneira orgânica e a evolução deles vai ocorrendo conforme a trama se desenrola, de maneira que é muito prazeroso acompanhá-los. Os personagens secundários são igualmente interessantes - como o Geodo, por exemplo. Eu não me lembro de ter visto algo parecido a ele em nenhuma outra mídia de Star Wars até então e foi uma grata surpresa.
Eu não sei como o desenvolvimento desse projeto da Alta República funciona exatamente - já que diversos autores estão envolvidos e escrevendo obras concomitantemente uns aos outros, também não sei se existe alguma espécie de roteirista-chefe que encabeça o enredo geral de tudo e delega aos autores um esboço do que precisa ser trabalhado em determinado livro ou HQ - e digo isso pois, embora o livro seja bem bacana, dá pra sentir uma certa limitação nele (como acho que é possível sentir na maior parte dos livros do universo expandido de SW, infelizmente).
Quando eu me toquei que os acontecimentos do livro são paralelos aos de "Luz dos Jedi", me questionei um pouquinho do motivo de eles terem optado por essa trama paralela e não por uma continuação direta do livro anterior. Talvez mais para frente faça sentido e o desenvolvimento dos personagens aqui se mostre necessário de algum modo, mas fato é que ao chegar no final, embora seja um livro muito bom, causou uma sensação de ter corrido em cima de uma esteira, sem sair do lugar.
Apesar das limitações fiquei curioso para ler mais da autora e continuar acompanhando a Alta República. Esse projeto é revigorante de muitas formas para Star Wars, mas acho que a principal delas é a quantidade de novos personagens interessantes e situações novas. Isso é ouro nas mãos de autores competentes que sabem desenvolver tanto um quanto o outro, como felizmente é o caso de Claudia Grey neste livro.