As sobras de ontem

As sobras de ontem Marcelo Vicintin




Resenhas -


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Johnny 03/06/2024

O poder da herança.
Ao final desta resenha, procurei dar algumas dicas sobre como conduzir a leitura para não cair no que (humildemente) considero senso comum.
O livro foi escrito por um integrante da elite econômica brasileira e tem o olhar de quem conhece o sistema por dentro. O texto, muito bem escrito, apresenta inúmeras citações e metáforas espirituosas. Li com rapidez. Conseguiu manter-me preso o tempo todo, enquanto se alternavam as histórias de Egydio e Marilu.
Egydio é um quase quarentão, de boa base educacional na Europa, herdeiro de família rica. São proprietários de uma frota de navios. Ele foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e está em prisão domiciliar. Planeja uma festa baseada no Último Baile da Ilha Fiscal (a comparação de sua decadência se dá com o ocaso da monarquia no Brasil). É viciado em poder, sua principal arma para combater o tédio, uma vez que o gosto adquirido pela pureza da matemática não foi suficiente para aplacar o seu mal.
Marilu é uma jovem bonita, modelo, fútil, encantada pelas aparências de seu mundo marcado por ostentação, mentira e deboche. Vê-se abalada por um trauma barra pesada resultante de um namoro infeliz.
Ambos parecem rumar para a tal decadência sugerida pela crítica.
O final, no entanto, ao contrário de resenhas análises que li, nega essa expectativa. É aí que as duas narrativas se ligam. Cerca de três páginas encerram o romance de maneira abrupta. O leitor despenca no abismo da realidade. As pontas cifradas deste final, que demorei um pouco a amarrar, confirmam a eterna arquitetura que sempre sustentou a engrenagem da riqueza.
Reparem na migração da fazenda Eudoxia para a Villa Eudoxia, no topo de uma ilha do Mediterrâneo, “uma ilha de certezas onde nenhum ‘eu acho’ jamais pisou”. Reparam na chaise longue Marilu Alvorada, objeto de desejo da granfinagem. Reparem na conversa de Egydio com seu companheiro de cela, o assassino Aref, sobre experimentar o verdadeiro poder ao matar alguém. Reparem no convidado número um para a festa. Reparem no estojo de prata no bolso do paletó. Reparem na esquiva Meredith e na submissa Amélia, "mulher de verdade".
Mais do que um livro sobre a decadência das elites, "As sobras de ontem" trata da capacidade de regeneração de uma casta, é sobre aquilo que os demais mortais autopiedosos costumam chamar de superação.


site: https://sites.google.com/view/literaturaemosaico
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Sguimarina 24/08/2023

Tenho lido muitos livros da literatura moderna brasileira e tenho gostado muito. Saiu um pouco da complexidade dos textos e entraram narrativas ácidas e reais. Com As Sobras de Ontem não foi diferente. O texto ágil e de humor sútil me pegou do começo ao fim no seu retrato da elite do Brasil e suas caricaturas. Vale muito a pena! E já peguei outro autor tupiniquim para ler.
?Ter muito dinheiro é sempre melhor do que não ter, mas existe um ponto a partir do qual os números param de fazer sentido. Dizem que o dinheiro não muda ninguém, apenas desmascara; e é num mundo sem máscaras que as predileções humanas ficam mais claras.?
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Paulo 26/06/2023

Anna Karénina Abrasileirado
É perigoso demais ter se identificado com algumas passagens? Ou conhecer alguns indivíduos assim?
Que livro bom! A algumas resenhas atrás fiquei indignado com a literatura atual brasileira, mas esse livro chegou para passar uma borracha nisso.
É quase um conto russo. Me lembrou Anna Karénina, principalmente a intercalada de narradores e o aspecto de cada um deles.
No final das contas, o tédio e a mediocridade estão presentes em todas as camadas sociais.
Nada como terminar ilhado e rodeado pela consciência disso, mas orgulhoso e prisioneiro demais dos mesmos, para dar um fim em tudo. O filme do Anjo Exterminador acompanhando a narração, enfatiza esse sentimento de querer sair do local onde se encontra, mas por algum motivo não conseguir.
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Renato 18/07/2022

Bom
O livro passa por algumas tramas em paralelo mostrando casos bem bizarros na alta ?elite?? achei bem interessante
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Lucas.Macedo 18/02/2022

O livro tem passagens interessantes e a escrita é bastante fluida.

No entanto, no que diz respeito à minha experiência de leitura, eu senti que ficou arrastada em diversos momentos. Me cansava dos capítulos.

A ironia e o sarcasmo são os pontos fortes do livro, sem dúvidas!
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Jess 16/02/2022

Interessante
Gostei do livro. Nos leva a reflexões interessantes, sobre ganância, sobre ?justificativas?, sobre futilidade.
Pelos personagens, senti raiva, senti pena, senti tudo.
Vale a leitura!
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Gois 13/02/2022

Acidez e riqueza
Olha, que livro ácido! Gente muito rica falando mal de gente muito rica (quem não gosta de uma fofoca?). Não falta crítica pra ninguém: o playboy rico e escroto que pensa que pode comprar tudo (e todos) no mundo, a menina bonita arrivista social que faz tudo pra ascender socialmente, o filho mimado de pais ricos entediado porque o único trabalho é administrar riqueza? por ai vai. Tem um capítulo falando mal das pessoas de São Paulo que eu AMEI! Haha Impressionante como os limites éticos de gente muito rica são extremamente borrados. Se você conseguir segurar o nojo e/ou raiva, o livro é excelente. Curto, direto, faz pensar.
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Zeka.Sixx 17/12/2021

Ácido e afiado
Ambientado em 2018, este romance é narrado por dois personagens: Egydio, um empresário milionário, beirando os 40 anos, de família aristocrática, que está cumprido prisão domiciliar após ser condenado por corrupção, e Marilu, uma bonita e cabeça-oca alpinista social que está beirando os 30 anos.

Consumido pelo tédio, Egydio passa seus dias remoendo lembranças do passado, tentando encontrar justificativa para seus atos, enquanto planeja um suntuoso banquete clandestino que pretende dar em seu apartamento.

Os capítulos narrados por Marilu são excertos de seu diário, abordando diferentes fases da sua vida, desde a adolescência até os dias atuais, passando por seus relacionamentos, suas diversas tentativas de se dar bem na vida sem fazer muito esforço.

São personagens, em geral, detestáveis, que não despertam simpatia do leitor, embora ao mesmo tempo tenham um certo charme escondido em suas visões ácidas e irônicas do mundo. Egydio, em especial, é um egocêntrico obcecado por poder e controle, lembrando muito Patrick Bateman, o protagonista de "Psicopata Americano" (inclusive, essa comparação é feita, de maneira muito pertinente, por um personagem secundário em determinada altura de "As Sobras de Ontem".

A partir dessas narrativas, que se cruzam levemente ao longo do romance, o livro expõe de maneira ácida e afiada os podres da elite brasileira, em especial a elite paulistana. Através dos protagonistas e do mundo que os cerca, testemunhamos a decadência moral da alta sociedade brasileira, num retrato que pode parecer até caricato para alguns, mas que me pareceu tristemente verossímil.

Sem querer fazer comparações, mas é um livro que, na minha visão, dialoga bastante com meu romance "Tudo o Que Poderíamos Ter Sido". Egydio é uma espécie de "César on steroids", e Marilu é uma espécie de "Lola menos ingênua". Também por isso, mas não apenas por isso, curti muito essa leitura. E o mais impressionante é que essa é a estreia de Marcelo Vicintin na literatura; estrear já de cara com um romance pela Companhia das Letras não é pra qualquer um. O melhor nacional que li este ano.
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Emanuell K. 18/10/2021

Onde os ricos não tem vez?!
Uma verdadeira surpresa! Bom saber que a literatura brasileira se renova com criatividade e sem perder a sagacidade da pena da galhofa!
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Vanessa453 30/09/2021

Marcelo retrata o Brasil através da degradação da sua elite econômica, explorando suas frivolidades e chatice. É um livro bem-humorado e com uma trama bem costurada.
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skuser02844 04/09/2021

Espelho da classe média
Crítica sincera e corajosa à classe média brasileira e toda sua ganância e vaidade através de uma leitura leve e fluida.
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Carolina Corrêa 09/07/2021

Irônico na medida
O romance se passa no universo dos ricos, com ironia e inteligência, escancarando as tragédias materiais e espirituais da elite brasileira.
A história acontece entre duas vidas paralelas: um preso domiciliar, que tenta resgatar seu prestígio social através do dinheiro da família; uma jovem apaixonada por dinheiro, sempre disposta a abrir mão da própria dignidade. Em algum momento, os enredos se cruzam.
Texto inteligente, crítico e assertivo.
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Tiago 01/07/2021

Nem Luxo Nem Lixo
A Companhia das Letras tenta vender na capa que o livro é algo maior do que ele realmente parece estar interessado em ser. Aparentemente repleto de crítica social, "As Sobras de Ontem" é apenas um estudo sobre dois personagens que alterna ótimos e tediosos momentos.

De cara já dá para dizer que a trama envolvendo a Marilu é muito, mas muito superior. Repleta de um humor bem peculiar, a escrita envolvendo a personagem feminina é extremamente sagaz e consegue extrair doses interessantes de reflexão social sem exagerar muito. Já a parte envolvendo Egydio é bem mais ambiciosa, e a falta de experiência do autor acaba não dando conta de gerir esse conceito mais complexo, deixando tudo um pouco vazio e afetado demais.

Apesar de muito sagaz e sutil em certos momentos (há uma leve interseção entre ambas histórias em dois momentos), em muitos outros trechos o autor se perde na tentativa de intelectualizar e dificultar o que poderia ser apenas simples, direto e mordaz.

Mesmo irregular é um livro interessante, vale a pena conhecer.
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Claudio 02/05/2021

A decadência das elites com muita ironia
2 histórias de declínio das elites. Cheio de ironias e humor, é um livro de fácil leitura. Muito legal. As duas histórias podiam ser melhor ligadas.
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Thales 25/11/2020

É um bom livro de estreia, mas tenho algumas ressalvas.
O livro perde muito tempo com digressões às vezes desnecessárias. Ex: cerca de 8 páginas sobre o interesse do protagonista em matemática.
O final achei meio anticlimático.

Os personagens são muito detestáveis, mas bem construídos.

Dá para ver que o autor está inserindo nesse mundo dos ricos só pelas referências utilizadas.
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