Resenhas - Um Coração Singelo

Lya 11/06/2020

Uma história simples
Trata da vida comum de uma personagem, leitura bem rápida, porém triste. O título é muito bonito e super combina com a história.

Luiz Pereira Júnior 22/06/2022

Um artigo raro: a bondade humana...
A vida de uma empregada dedicada à patroa por longos anos, mas sem o glamour de “Vestígios do Dia”... Talvez esse seja o melhor resumo de “Um coração singelo”, do grande escritor francês Gustave Flaubert.

Primeiramente, devo dizer que tive a impressão de ser uma obra adaptada, pela linguagem muito fácil e por fazer parte da coleção “Rocco Jovens Leitores”. Não confirmei a adaptação e o mistério continua...

O que se poderia tomar como uma tragédia (a perda dos entes queridos) é contada pelo autor sem pieguismo, sem sentimentalismos, enfim sem o mi-mi-mi que busca as lágrimas fáceis dos jovens leitores (e dos não tão jovens assim). A morte é vista como algo que, mais cedo ou mais tarde, atingirá a todos nós. Ponto para o autor!

Uma ousadia permeia o livro a partir de seus meados: chega a ser herética a comparação entre a pomba do Espírito Santo e o papagaio Lulu, mas tudo adquire sentido na visão ingênua, na lógica bondosa e no coração simples da protagonista. Afinal, não é dos simples que é o Reino de Deus?

Um livro para ser lido de uma única vez, mas que, nem por isso, deixa de ser muito mais profundo do que os altos voos de certos autores contemporâneos que se querem fazer passar por sábios psicologizantes, por magos desbravadores das profundezas do inconsciente humano, mas que, no final das contas, têm pouco, muito pouco a dizer...

jota 28/12/2011

Felicidade e Lulu
Magistral história de Flaubert sobre uma pobre criada, Felicidade, que passa meio século servindo à mesma patroa, sacrificando, sem ressentimento, a própria vida à vida alheia.

Apega-se, sucessivamente, a um noivo brutal, aos filhos da patroa, ao sobrinho, e a um velho doente. São todos casualmente retirados de sua vida: morrem, partem, ou simplesmente se esquecem dela. A religião é o consolo que compensa a desolação de sua vida.

E um dia lhe dão um presente especial. É Lulu, um papagaio, que ela passa a cuidar como se fosse um filho. Mais até que isso, na verdade. Mas ele também morre, para desespero de Felicidade. Algum tempo depois ela manda empalhá-lo, para tê-lo consigo até o final de seus dias.

Passa a venerar a ave empalhada e em sua cabeça o Espírito Santo assume a forma de Lulu. Pois os pombos (ou cordeiros) não têm o poder da fala, os papagaios sim. E daí vamos para o final, que é grandioso, não podia mesmo ser diferente. E cada leitor que se extasie a sua maneira.

Não importa tanto assim saber o que acontece ou não nessa história singela. Importa mais o jeito como Gustave Flaubert vai nos contando tudo, construindo sua fascinante personagem, tornando a história interessante em todos os seus detalhes. Se você considera, por exemplo, O Alienista (de Machado de Assis), um conto genial, vai achar o mesmo de Um Coração Singelo. Se não, sinto muito...

Considerada pelos críticos uma pequena obra-prima, foi a partir desta novela que Julian Barnes escreveu um de seus livros mais importantes, O Papagaio de Flaubert. Um livro à altura do talento do criador de Madame Bovary.

Cinco estrelas, louvação, epifania.

Caroline Gurgel 01/06/2016

Realismo extremo
A primeira coisa que fiz ao terminar Um Coração Simples foi procurar a data de sua publicação para confirmar minha suspeita de que a novela havia sido lançada após Madame Bovary. E foi… quase 20 anos depois. Só alguém que já escreveu sua obra-prima poderia se dar ao luxo de publicar uma história cuja personagem principal é alguém como Félicité.

Félicité não tem nada de extraordinário para contar. É uma moça comum, pobre, humilde, simples, ordinária, que até chega a pensar que poderia ser feliz, que poderia ser amada. Tudo ilusão, nada acontece. Passa a trabalhar para uma senhora com dois filhos e lá seu altruísmo transborda. Nunca reconhecido, diga-se de passagem.

Flaubert constrói sua novela em cima de um enredo irrelevante, de uma moça insignificante, invisível, sem casa, sem família e sem amor, que enlouquece por um papagaio. Ainda assim, nos leva, admirados, da primeira à última página. A admiração se dá pela sua escrita, “apenas”.

Um Coração Simples mostra que, não à toa, Flaubert é um dos grandes mestres do Realismo. É mais contexto histórico que enredo, é mais escrita que história, é mais significado para o movimento literário do que uma leitura prazerosa. É uma leitura rápida, boa, mas talvez um pouco realismo demais pra mim.

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3 Corações
4 Estrelas

@historiasdepapel_

site: www.historiasdepapel.com.br

Aldemir2 28/05/2021

Livro pra faculdade #2
Análise. Não tem muito o que falar dessa história, só que ela vai acompanhar a vida de Felicité, da sua infância até a sua morte, e todas as desgraças que irão acontecer durante esse tempo (que adianto logo que não são poucas). O título, "Um coração simples", ou "Uma alma simples" dependendo da tradução, se refere justamente a Felicité e sua simplicidade. Uma mulher pobre e simples, com pouquíssimas coisas na vida. Realmente não tenho muito o que falar sobre essa história (nem sei ainda porque a professora passou esse texto para lermos), mas caso você se emocione fácil e goste de histórias comoventes eu recomendo essa leitura, não é densa nem demorada.

E. 22/08/2020

Um Coração Simples, tradução dada ao título da novela escrita por Flaubert, esclarece ao leitor, de antemão, o que esperar de Felicité, a personagem cuja narrativa biográfica revela um tipo humano frugal.

Isso porque, como é dado a qualquer ser humano, Felicité conheceu do amor e do sofrimento; contudo, suas experiências foram todas sentidas e postas no mundo tendo por filtro seu caráter modesto e sua compreensão pouco abrangente sobre a realidade, e são essas as qualidades humanas responsáveis por conferir tom de ingenuidade e resignação ao coração simples que traz consigo, embora, vale dizer, sempre devotado e servil.

Carol 30/01/2021

Vou guardar com carinho!
Leitura rápida, simples e carinhosa! A capa é uma gracinha e é um bom custo. A protagonista sofreu muito durante sua vida, sem muito carinho de outros, ela só conhecia seu trabalho lotado de tarefas sem fim mas no final vemos algo interessante da visão dela sobre sua própria vida. Admito que quando a capa finalmente fez sentido com a história, aaaaw fiquei muito agraciada com isso! Vou ter essa obra com muito carinho na minha estante s2

OgaiT 17/07/2022

Dramalhão
Narrativamente, achei muito simplista e previsivel. Há um certo exagero com relação ao sofrimento da protagonista e de como ela aceita tudo, das ofensas verbais aos castigos brutais sofridos de sua senhoria. Apesar de tudo isso, Felicité (como seu nome sugere) encara a vida com felicidade e gratidão.
Falando assim, alguns se lembrarão da Fantine de Os Miseráveis, mas Flaubert não traz a nenhum momento a crítica social estabelecida na obras de Victor Hugo. Podemos afirmar que aqui surgiu a estrutura das novelas do tiko e teko.

Isabel Verena 13/04/2020

História com uma personagem simples e com muita fé.

Neto165 12/09/2024

Um Coração Singelo
A leitura deste conto me transmitiu uma reflexão sobre a solidão, o destino e a bondade. O profundo sentimento de melancolia que a obra trabalha em casa capítulo a história de Felicidade (Félicité), uma mulher simples e com coração bondoso cujo seus sonhos e afetos sai sempre interrompidos pela realidade cruel e mortal do destino, mas que, de alguma forma, ela encontra beleza e significado em sua vida.

A narrativa trouxe um sentimento de vazio, fui invadido pela melancolia por poder ler a vida cheia de sacrifícios de Felicidade, que serviu como uma metáfora para mim, de perdas que estamos dispostos a enfrentar e que mesmo assim devemos persistir com bondade e pureza.

@debee 18/08/2023

Leitura para a faculdade

É exatamente o que o título diz, um coração singelo. A protagonista é uma mulher muito simples, doa sua vida e energia para a patroa e tem afetos simples. Além de muita tristeza na vida

Luiz.Fernando 09/08/2021

Realismo na veia
Mais um pra faculdade...

E... Não é atoa que Flaubert é considerado o "pai" do realismo moderno, a partir de Madame Bovary...

Essa novela chega a ter elementos tão realistas que torna a leitura chata. Muitas descrições inúteis...

Até agora, Romantismo e Realismo, têm pecado de maneira semelhante: pelo excesso.

bobbie 02/12/2023

Autores clássicos não precisam de muita desculpa.
Muitas das vezes, ler clássicos é aceitar que não é preciso histórias mirabolantes com grandes acontecimentos, mistérios, surpresas, choques ou mesmo amores. Ás vezes, basta a vida comum de um desafortunado pela vida. Esta é a premissa de Um coração singelo, que conta a história de Felicidade, uma menina maltratada pela vida desde muito pequena, que encontra nessa mesma vida infeliz infinitas maneiras de expressar amor e tolerar infelicidades. Nada diferente do ciclo da vida ocorre aqui nesta novela: nascimento, infância, juventude, decepções amorosas, tristezas, morte. Mas Flaubert conta essa história sem surpresas ou reviravoltas de maneira tão singela, tão talentosa, que é difícil largar o livro antes do fim, a menos de 100 páginas do seu início.

Gabi 02/04/2022

"Não há nada de errado em celebrar uma vida simples." Não foi Flaubert que disse isso, foi Tolkien, mas acho que essa frase representa de forma resumida o que ele quis passar nessa estória. Félicité ( felicidade em francês) é uma mulher comum, sem grandes ambições, não teve muitas oportunidades, tem pouca compreensão sobre o mundo e o que sabe é baseado em realidades próximas a sua, trabalha como empregada cuidando de praticamente todo serviço doméstico e dos filhos da patroa, sua vida não é marcada por nenhum acontecimento extraordinário, mesmo assim ela tem um sentimento de amor grandioso e altruísmo, nos mostrando que a felicidade mora nas coisas mais simples, que muitas vezes não nos atentamos, colocamos ela em lugares dos quais ainda não alcançamos, em coisas que não temos, impondo obstáculos para sermos felizes, Félicité amou o sobrinho, os filhos da patroa e Loulou (um papagaio) de todo o coração, orava todos os dias diante de uma imagem do espírito santo que a fazia lembrar do pássaro, ajudava os mais necessitados, mesmo não tendo muito pra dar, e viveu modestamente por toda vida se considerando feliz.

Sonia.Finha 16/01/2021

Um coração simples - um conto
Se repararmos bem, Felicidade é um modelo de ser que a Igreja defende; se formos honestos, reconheceremos que nenhum de nós gostaria de lidar com a vida dessa forma. Sua figura nos causa comoção, piedade e, se formos mais honestos ainda, reconheceremos que sentimos alívio por nos considerarmos diferentes. O mais triste é saber que realmente existem pessoas como Felicidade, pessoas que sofrem caladas, resignadas, sem reagir.