Clark8 22/10/2024
Quincas Borba, escrito por Machado de Assis e publicado em 1891, é uma das obras fundamentais do Realismo brasileiro, seguindo o estilo que consagrou o autor. O romance é uma continuação indireta de Memórias Póstumas de Brás Cubas e explora temas como a loucura, a ambição e a dualidade humana, com o tom irônico e crítico que caracteriza a escrita de Machado.
A história gira em torno de Rubião, um homem simples de Barbacena, que, após a morte de seu mentor, Quincas Borba, herda uma grande fortuna e se muda para o Rio de Janeiro. Quincas, antes de morrer, deixara também a seu discípulo a responsabilidade de cuidar de seu cachorro, também chamado Quincas Borba, e o legado de sua filosofia: o Humanitismo. Essa doutrina, elaborada pelo falecido filósofo, prega a sobrevivência do mais forte e a indiferença aos problemas alheios, conceitos que ecoam as ideias do darwinismo social.
Ao longo da trama, Rubião, inicialmente um homem de bom coração, vai sendo corrompido pelo poder e pelo contato com as elites cariocas. Ele se apaixona por Sofia, a esposa de seu amigo Palha, e, iludido, acredita ser correspondido. Entretanto, Palha e Sofia manipulam Rubião para obterem vantagens financeiras, e sua crescente obsessão por Sofia o leva à ruína emocional. Aos poucos, Rubião começa a perder a sanidade, especialmente ao incorporar aspectos da filosofia humanitista e à medida que suas ilusões desmoronam.
O romance de Machado de Assis oferece uma crítica sutil à sociedade da época, expondo a hipocrisia, o egoísmo e o materialismo da burguesia emergente. A narrativa, apesar de tratar de questões sérias e complexas, é repleta de humor ácido e ironia, características marcantes do autor. O uso do discurso indireto livre e a complexidade psicológica das personagens fazem de Quincas Borba uma obra rica em camadas de interpretação.
Em suma, Quincas Borba é uma obra que desafia o leitor a refletir sobre a natureza humana, os limites da sanidade e as consequências da ambição desmedida. Machado de Assis, com sua maestria, constrói um retrato atemporal das fraquezas e ilusões que movem as pessoas, tornando o romance relevante até os dias de hoje.