spoiler visualizarNalia 05/09/2020
Ao perdedor, ódio ou compaixão. Ao vencedor, as batatas!
A obra que marcou a tríade machadiana, em contexto realista, apresenta críticas sociais e sarcasmo a uma dura e ampla observação humana, como características da escola literária inserida, e também, a teoria do ?Humanitismo?, onde um darwinismo se manifesta na sobrevivência do mais flexível, e prolonga a tese, mostrando que em ambos os lados, um tem a vitória e o outro a derrota.
Embora o nome seja Quincas Borba, o amigo de Brás Cubas não ganha papel de protagonista, esse é ocupado pelo tolo professor Rubião, seu cunhado. Quincas teve bons investimentos, e um cachorro que apelidou carinhosamente com seu próprio nome, no intúito de sobreviver na pele do animal. Ao fim de sua vida, não possuia sanidade, e foi beneficiado pelos cuidados de Rubião, que ouvia seus ensinamentos da filosofia humanitista com desdém. Quincas falece e deixa toda sua herança ao companheiro cão e ao cuidador Rubião, que com uma fortuna relevante, pega o animal e migra de Minas Gerais ao Rio de Janeiro, onde conhece o Casal Palha.
Palha e Sofia eram ardilosos, e ao perceberem a presença de um ingenuo milionário, rapidamente o inserem no círculo social. Rubião tem contato com uma nova elite de políticos, e esbanja seu dinheiro com jantares caros, e mimos para Sofia, que se torna sua obsseção. Sofia ao relatar o cortejo a Palha, se surpreende quando o marido enxerga benefícios no gesto, e possíveis negócios. Sofia recebe sua prima, Benedita, uma moça supérfula e sem estudos, e pretende casa-la com Rubião, dando a ela estudos, aulas de francês e modos, porém, Rubião se sentia fascinado por Sofia, e não vê vantagens ao possível laço matrimonial. Benedita acaba se casando com outro homem, o qual Sofia é apaixonada, a causando grande rebelião e desprezo. Rubião se sente extremamente desconfortável com as situações, e começa a perceber a superficialidade em suas relações, e assim como Quincas, e perde a sanidade. O casal Palha, o interna, e toma posse de seus patrimônios, depois de alguns meses, Rubião consegue fugir da clínica e pegar o cão, (que estava presente em toda a narrativa) e morre acreditando que estava em guerra, que era Napoleão Bonaparte, em miséria, junto ao cão Quincas Borba.
A estória por ser Machadiana, me surpreendeu ao se mostrar massante, e muitas vezes entediante, todavia, assim como qualquer escrito de Machado de Asis, é brilhante. O enredo mostra, assim como a teoria Humanitista de Quincas Borba, o casal Palha vence, e Rubião perde, em grande desproporção. Outro ponto que me chama atenção, é a forma como o narrador descreve que Quincas Borba tinha de fato, consolidado sua alma ao corpo do companheiro canino, que estava sempre presente e parecendo julgar a tudo e todos, e em meio a uma sociedade tão cruel, egoísta e interesseira, mesmo que fosse o ser mais rico, já que a herança foi indicada a ele, permaneceu junto e fiel a seus dois donos, em meio a loucura e a pobreza.