Mari 14/10/2024
Uma obra do Kafka
Posterguei essa resenha, mas aqui estou eu.
Cheguei nessa obra por uma recomendação, e, movida pelo sentimento retido da leitura de A Metamorfose, peguei esse livro para ler.
Digamos que o processo de modo geral foi um tanto caótico, uma honraria digna da leitura do Kafka. O Processo é uma obra complexa, seja pelo entendimento da trama, do desenvolvimento do enredo ou até dos personagens. Fala sobre um homem que acorda sendo acusado, e tendo que lidar com um processo criminal. Assim, ele parte em sua busca para encontrar novamente sua tão sonhada liberdade e viver como um banqueiro que sempre estimou. O Josef K., protagonista da obra, é um tanto quanto confuso e se encontra em uma posição social relativamente promissora, apesar de possuir alguns desafetos pontuais. Às vezes, ele solta algumas pérolas magníficas e, em outros momentos, faz com que nos encontremos na mais ridícula, insuportável e... Bem, acho que é interessante você ler para entender.
O querido Kafka definitivamente sabe como submeter seu público a momentos de subordinação, indignação, náusea. Momentos da obra são deveras nauseantes, como se você estivesse em alto mar, dentro de uma salinha minúscula e sem janela, esperando o momento no qual a embarcação vai chegar ao cais. Na verdade, você mais se importa com a possibilidade de acabar com essa sensação arrebatadora, nem que, para isso, o navio tenha que naufragar e parar debaixo d'água, você simplesmente vai querer que pare.
O final, posso lhe assegurar, foi tão escandaloso como todo o restante da obra.
Para finalizar, O Processo se assemelha ao livro Os Ratos do Dyonélio Machado, escritor brasileiro, mais especificamente por sua crítica à sociedade de modo geral, mas como é quase um paradoxo a relação entre o ser humano e a questão do sofrimento cíclico, seja pelo fator econômico, de liberdade ou da sua própria posição perante os outros.
"(...) ele admite que não conhece a lei e, ao mesmo tempo, insiste que é inocente."
"Só é preciso um pouco de esforço para arrancar uma porta das dobradiças"
"O que o senhor está esperando?"