Diana 25/03/2024
Premissa que todo amante de literatura quer ler, mas com enredo fraco
'A garota que lê no metrô' tem uma premissa boa, mas totalmente desperdiçada. Nesta história, acompanhamos Juliette, uma corretora de imóveis conformada com a rotina, que encontra algum refúgio nos livros, e uma sucessão de citações lindas, que não ornam com o desenvolvimento da obra.
Com a típica jornada do herói, a protagonista decide fazer um trajeto um pouco diferente para o trabalho e conhece uma criança especial, que a apresenta a um novo estilo de vida e propósito: distribuir os livros certos para as pessoas certas nas horas certas.
Maravilhoso, não? Eu mesma tenho vários livros que parecem ter me escolhido ao invés do contrário. Mrs Dalloway, de Virgínia Woolf, foi a mais recente experiência, mas a lista é gigante. Uns me auxiliaram a me compreender e também aos outros, certos livros me incentivaram a seguir em frente e todos, sem exceção, me fizeram companhia de alguma forma.
A princípio, parece uma bela homenagem à literatura. O quentinho de citações familiares, a garantia de que as pessoas realmente vão ler nossas indicações (quase nunca acontece), fazer amizades através da leitura (felizmente tive essa oportunidade), parece a fórmula mágica para uma leitura de sucesso.
Imagine aqui o professor criando as meninas super poderosas: amor, estrelas e tudo o que há de bom. Mas ele não tropeça e não derruba o elemento X, que garante sucesso ao empreendimento.
Juliette é totalmente sem sal e esquecível. Ela observa só umas três pessoas no metrô, que estão sempre com os mesmos livros e reações. Na maior parte do tempo, ela sequer está no transporte público. As personagens secundárias são igualmente rasas e há muito pouca coisa verossímil para uma obra que não investe no sobrenatural.
Alguns plots são simplesmente absurdos. (SPOILER, PULE ESTE PARÁGRAFO SE FOR PROBLEMA) Quem coloca uma desconhecida para morar na sua casa e ser babá da sua filha enquanto vai para o hospital em uma cirurgia de risco? Quem aceita mudar de casa e ser babá de uma adolescente sem nenhuma pergunta básica? Que órfã, na verdade, tem a mãe morando na mesma cidade e se correspondendo com ela na maior naturalidade? Forçado!
Enfim, prometeu muito e entregou quase nada. Aceito o índice de livros citados. Passo o resto.