Lipe.olivers 28/09/2022
A vida do herói depois do heroísmo.
Acredito que a mensagem que a autora quis passar nesse livro foi a seguinte: “O que os heróis fazem depois que cumprem suas profecias, seus deveres e responsabilidades? Seguem a vida ou procuram novas aventuras?”. O que Harry Potter é depois de Voldemort? E Frodo depois do fim de Senhor dos anéis? O que o Percy Jackson fez após o fim das profecias? São questões que nós, leitores, nos questionamos sobre o que um herói faz depois do fim.
No caso desse livro “O Filho Rebelde”, segue a continuação da história de Simon, Baz, Penelope e Agatha. O Simon era O Escolhido e sua profecia chega ao fim, então ele tenta seguir a vida do jeito que dá, junto do namorado e da amiga. Mas a depressão, a frustação de não saber o que fazer, de não saber para onde ir sem o que ele já foi um dia o consome. Eu gostei bastante desse aspecto do Simon, do Baz tentando lidar com essa depressão do namorado e com a Penny tentando “animar” eles, inventando uma aventura pelo mundo dos magos nos EUA.
Mas a animação da história é bonita somente na ideia, no conceito e no enredo, pois a execução deixa a desejar. Toda a construção do primeiro livro dos personagens se descontrói na narração do livro, servindo como uma “ponte” pro próximo livro. Até o final, diga-se de passagem, é monótono, sem graça e aberto, deixando margem para uma continuação. Os personagens em alguns pontos não confiam nos outros, não confiam em si mesmos. Há diálogos e “POV’s” demais e desnecessários, principalmente em personagens secundários. Acho que é fetiche da autora de ficar mudando POV atrás de POV, inserindo personagens que no fim vão mudar nada na história principal (Agatha). O plot e o clímax demoram muito para chegar, e quando chega já acabou. Tudo se resolve e tudo dá certo, não há conflito. E os personagens fazem o que quer, sem consequência, sem perdas e sem responsabilidades. E adivinha? O “Governo” dos magos não faz nada contra eles, é uma terra sem lei alguma.
Por fim, só li pelos personagens que passei a gostar no primeiro livro e queria saber o que aconteceu no segundo e no terceiro livro (que já li, faço essa resenha a posteriori). Mas, relevando todos os pontos negativos (Agatha incluso) o livro é bastante leve, consegui ler muitas vezes antes de dormir e ajudou a me distrair de leituras mais densas. Amo demais Simon e Baz, mas esse livro foi quase um tiro no pé no relacionamento dos dois. Não sei como o Baz aguentou tudo, é muito amor envolvido.
E só para exaltar o quanto é inútil alguns capítulos, principalmente os da Agatha, se você reler o livro pulando os capítulos dela, verá que não faz diferença alguma pro resto da história. Os personagens, no fim, chegarão ao mesmo destino com ou sem ela.