A Revolta da Vacina

A Revolta da Vacina Nicolau Sevcenko




Resenhas - A Revolta da Vacina


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GioMAS 13/07/2023

Política higienista - Ditadura sanitária
Análise dos eventos sociais, culturais e políticos, sobretudo no que diz respeito ao aburguesamento, cosmopolitização e higienismo, que desencadearam a Revolta da Vacina.
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BeatrizFonseca1 18/06/2023

Uma população mal informada , sem acesso a educação de qualidade e uma cidade suja e desorganizada em meio ao uma epidemia de varíola, só podia gerar uma revolta mesmo, o estado não informou a população sobre a vacina e quis aplicar de forma obrigatória, sem ouvir a população(Não estou sendo negacionista, como relação a vacinação como muitas pessoas foram em 2020, apenas estou frisando que a população poderia ser orientada e informada pelo menos em 1904) porque em 2020 ja existia internet para as pessoas pesquisarem sobre o que uma vacina? e pq ela deve ser tomada(Quem seguiu o que maluco do ex-presidente frisava ou é muito alienado ou muito safado,mesmo)
Voltado a revolta da vacina de 1904, a população do rio de Janeiro se revoltou fez manifestações e o estado teve que repensar suas estrategias de vacinação.
Livro muito interessante que pode ser analisado do ponto de vista histórico e uma panorama pra galera que é da área da saudê também, pq aborda varias problemas higiênicos e sanitários, que a população teve que passar.
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Leila 21/05/2023

Didaticamente esperançoso!
Esse texto é incrível, uma leitura obrigatória para comprender como foi que chegamos a essa dinâmica sócio especial.
Existe uma eu antes desse livro e uma eu depois desse livro.
Foi escrito por um jovem cheio de indignações no início dos governos civis pós ditadura militar, e consegue passar, mesmo após tantos anos, a mesma intensidade de indignação e esperança da primeira leva.
Um texto que como professora irei retornar a ele inúmeras vezes.
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juuuwidy 06/05/2023

"A revolta não visava o poder, não pretendia vencer, não podia ganhar nada. Era somente um grito, uma convulsão de dor, uma vertigem de horror e indignação. Até que ponto um homem suporta ser espezinhado, desprezado e assustado? Quanto sofrimento é preciso para que um homem se atreva a encarar a morte sem medo? E quando a ousadia chega a esse ponto, ele é capaz de pressentir a presença do poder que o aflige nos seus menores sinais: na luz elétrica, nos jardins elegantes, nas estátuas, nas vitrines de cristal, nos bancos decorados dos parques, nos relógios públicos, nos bondes, nos carros, nas fachadas de mármore, nas delegacias, agências de correio e postos de vacinação, nos uniformes, nos ministérios e nas placas de sinalização. Tudo que o constrange, o humilha, o subordina e lhe reduz a humanidade. Eis os seus alvos, eis o que desperta sua revolta, e o seu objetivo é assumir e afirmar, ainda que por um gesto radical, ainda que por uma só e última vez, a sua própria dignidade. O resto é a agonia e o silêncio, como bem o percebeu uma das mais delicadas vítimas da violência discriminatória, o poeta Cruz e Sousa:
Silêncio para o desespero insano,
O furor gigantesco e sobre-humano,
A dor sinistra de ranger os dentes!"

Terminar o livro e se olhar no espelho dizendo a si mesma "não é ficção, é tudo real... Tudo real." Querer não acreditar, tentar se ludibriar em busca da consolação, de um sono tranquilo e obviamente falhar, Platão morreu levando junto dele sua maldita caverna! Ao fim só sei que também não importa o quão se negue a morte, o ser humano tem que acabar mesmo, tanto horror atrás de horror *suspiro profundo, impotente e devastado* o pobre brasileiro nunca teve sossego, nunca terá, só possuí esperança, com seus sonhos que alimentam a alma mas não pagam as contas, com o vislumbre de "um mundo onde não há desigualdade" buscando a dignidade que cada dia sente perder. E quando se revolta, e quando em sufoco gritam "Hoje não!" de resposta se obtêm o que? O próprio sangue.
Esse Brasil é um poço sem fundo, tudo se transforma mas sua essência permanece a mesma, a história se repete... "pobreza não se evita, não se resolve nem se combate: pobreza se negocia, se administra, se patrocina" até quando? Pensar que esse "até quando?" ecoa há centenas de anos se perpetuando sem uma resposta justa e positiva. Que miséria, que lástima! Pelo menos me livrei da minha ignorância, não se deve se revoltar contra os que se amotinaram pois "Sua reação, portanto, não foi conta a vacina, mas contra a história".

P.S. Eu sei que os historiadores almejam por livros mais técnicos, mas aos tolerantes: saibam que a sensibilidade do autor ao escrever é totalmente justificável, tolo seria se ele não se revoltasse junto do povo.
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Thiago 04/12/2022

A história é antiga, mas o livro continua atual
"A revolta não visava o poder, não pretendia vencer, não podia ganhar nada. Era somente um grito, uma convulsão de dor, uma vertigem de horror e indignação. Até que ponto um homem suporta ser espezinhado, desprezado e assustado? Quanto sofrimento é preciso para que um homem se atreva a encarar a morte sem medo? E quando a ousadia chega a esse ponto, ele é capaz de pressentir a presença do poder que o aflige nos seus menores sinais: na luz elétrica, nos jardins elegantes, nas estátuas, nas vitrines de cristal, nos bancos decorados dos parques, nos relógios públicos, nos bondes, nos carros, nas fachadas de mármore, nas delegacias, agências de correio e postos de vacinação, nos uniformes, nos ministérios e nas placas de sinalização. Tudo que o constrange, o humilha, o subordina e lhe reduz a humanidade. Eis os seus alvos, eis o que desperta sua revolta, e o seu objetivo é assumir e afirmar, ainda que por um gesto radical, ainda que por uma só e última vez, a sua própria dignidade."

Esse excerto do livro de Nicolau Sevcenko chegou a mim através do meu livro de História do ensino médio (História do Brasil - Cláudio Vicentino & Gianpaolo Dorigo). Apesar do tempo (mais de 20 anos), nunca me esqueci desse trecho. É daqueles que realmente marcam a pessoa.

Ficou a vontade adormecida de um dia ler a obra completa. Eis que chegou o dia e não decepcionou. Livro excelente, com um questionamento vívido e atual.
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M. S. Rossetti 06/08/2022

Ressignificação
Confesso que a primeira conclusão que tive ao ler a descrição desse episódio histórico brasileiro no site da Fiocruz foi a seguinte: no passado a desinformação popular era generalizada, equiparando-se ao negacionismo institucional dos dias atuais.
Depois de ler esse livro, reformulei minha opinião: o negacionismo de alguns gestores públicos atuais pode ser comparado ao genocídio institucional contra os pobres durante a Revolta da Vacina. Uma vez que esta manifestação popular foi contra a história e não propriamente contra a imunização.
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Steph.Mostav 18/04/2022

"Sua reação, portanto, não foi contra a vacina, mas contra a história."
"A Regeneração significou um processo tétrico de segregação, inculcado num prazo curtíssimo, de elevado custo social, humano e econômico, e intransigente em todos os aspectos. Seus responsáveis foram aumentando numa escala crescente a dose de opressão e humilhação infligida à população desamparada, como que a testar os limites de sua resistência."

"A revolta não visava o poder, não pretendia vencer, não podia ganhar nada. Era somente um grito, uma convulsão de dor, uma vertigem de horror e indignação. Até que ponto um homem suporta ser espezinhado, desprezado e assustado? Quanto sofrimento é preciso para que um homem se atreva a encarar a morte sem medo? E quando a ousadia chega a esse ponto, ele é capaz de pressentir a presença do poder que o aflige nos seus menores sinais: na luz elétrica, nos jardins elegantes, nas estátuas, nas vitrines de cristal, nos bancos decorados dos parques, nos relógios públicos, nos bondes, nos carros, nas fachadas de mármore, nas delegacias, agências de correio e postos de vacinação, nos uniformes, nos ministérios e nas placas de sinalização. Tudo que o constrange, o humilha, o subordina e lhe reduz a humanidade. Eis os seus alvos, eis o que desperta sua revolta, e o seu objetivo é assumir e afirmar, ainda que por um gesto radical, ainda que por uma só e última vez, a sua própria dignidade. O resto é a agonia e o silêncio."

"Posta dessa forma, temos uma divisão maniqueísta que opõe as forças do bem às forças do mal; os representantes da ordem e os insufladores do caos. Uma lógica mítica, arbitrária e desumanizada: somente a interpretação de um dos lados prevalece e se impõe: aquele que for mais forte. Esse tipo de raciocínio, que esvazia a humanidade do outro, transformando a sua diferença numa ameaça, esteve por trás de todos os grandes massacres da história, dos processos inquisitoriais à conquista da América e a eventos bem mais recentes na nossa história contemporânea."

"Essa separação ética dos corpos, corpos rebeldes, corpos doentes, corpos sãos, preconizava e era simétrica a uma nova divisão geográfica da cidade. Nela, igualmente, desde o início do século, como vimos, a homogeneidade original dava progressivamente lugar a uma discriminação dos espaços. A enorme massa popular dos trabalhadores, subempregados, desempregados e vadios compulsórios foi sendo empurrada para o alto dos morros, para as áreas pantanosas e para os subúrbios ao longo das estradas de ferro e ao redor das estações de trem. Nesse espaço, aproveitando as facilidades de transporte e a oferta maciça de força de trabalho, instalou-se também o parque fabril que circunda a cidade. O Centro, por sua vez, tornou-se o foco de toda agitação e exibicionismo da burguesia arrivista: seu pregão, sua vitrine e seu palco. A zona sul, beneficiada pelos investimentos prioritários das autoridades municipais e federais, se constituiu no objeto de uma política de urbanização sofisticada e ambiciosa, voltada para os poderosos do momento, que encheu de vaidade os novos ricos e de lucros os especuladores."

"A inspiração dessa estratégia procede do modelo de tratamento reservado aos escravos e que vigorou até a Abolição. A revelação notável é que o que antes fora uma justiça particular, aplicada no interior das fazendas e casas senhoriais, tornou-se prática institucional da própria autoridade pública no regime republicano.
Aos pobres em geral, nessa sociedade, não se atribuiu a identidade jurídica de cidadãos, inerente à República. Na prática, era reservado a eles um tratamento similar ao aplicado aos antigos escravos, controlados pelo terror, ameaças, humilhações e espancamentos, com o Estado assumindo as funções de gerente e de feitor. Nesse momento de transição brusca e traumática da sociedade senhorial para a burguesa, muitos dos elementos da primeira foram preservados e assimilados pela segunda, sobretudo no que diz respeito à disciplina social. A vasta experiência no controle das massas subalternas da sociedade imperial não podia ser desperdiçada pela nova elite."

"Os conceitos de capitalização, aburguesamento e cosmopolitização talvez sejam os mais abrangentes e aqueles que identificam as raízes mais profundas do processo que acompanhamos e cujo efeito mais cruel foi a Revolta da Vacina. Foi nesse contexto que observamos o conjunto de transformações que culminaram com a reformulação da sociedade brasileira, constituindo a sua feição material mais aparente e ostensiva, o processo de Regeneração, ou seja, a metamorfose urbana da capital federal, acompanhada das medidas de saneamento e da redistribuição espacial dos vários grupos sociais. Esse processo de reurbanização trouxe consigo fórmulas particularmente drásticas de discriminação, exclusão e controle social, voltadas contra os grupos destituídos da sociedade. E foi na intersecção sufocante dessa malha densa e perversa que a população humilde da cidade viu se reduzirem a sua condição humana e sua capacidade de sobrevivência ao mais baixo nível. A soma dessas injunções, vistas pelo seu ângulo, traduzia-se em opressão, privação, aviltamento e indignidade ilimitados. Sua reação, portanto, não foi contra a vacina, mas contra a história. Uma história em que o papel que lhes reservaram pareceu-lhes intolerável e eles lutaram por cuja mudança."
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Antonio Maluco 01/02/2022

Atualidade
O livro conta histórias de pessoas que não quiseram tomar a vacina e esse livro é bem atual pro dia de hoje
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Marconi Moura 08/01/2022

9,5
Pequeno ensaio sobre o episódio da Revolta da Vacina e seu contexto social, político e econômico. É curioso observar que, em analogia às situações clínicas, a vacina sempre leva a culpa, a despeito de vários outros fatores. A reedição da Cosac Naify é muito bonita, muito bem ilustrada. O próprio autor comenta no posfácio de 2010 sobre o estilo "viceral" do texto original de 1983 e também o seu contexto: juventude do autor (30 anos), final da ditadura militar...
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Andre.28 05/01/2022

Revolta da Vacina: política e violência na Primeira República
Neste brilhante trabalho, o historiador Nicolau Sevcenko nos mostra o contexto da Revolta da Vacina, revolta popular ocorrida em 1904, no contexto da Primeira República (oligárquica) desvendando os motivos desta manifestação popular, que iam muito além da posição contrária a vacina de varíola. A Revolta da Vacina estava muito mais permeada pelas arbitrariedades cometidas pela política sanitária comandada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz e a política de despejos (bota abaixo) promovida pelo o autoritário prefeito do Rio, Pereira Passos, que retirava à força as populações pobres do centro, especialmente dos cortiços e casarões, com a motivação de “reorganização” e “modernização” do centro do Rio de Janeiro. Adiciona-se a isso a insatisfação política ao presidente Rodrigues Alves, o alto desemprego e carestia, a ausência assistência básica do governo federal as populações pobres e os anseios das classes operárias, ainda alheias a participação política e eleitoral no contexto de arranjos das oligarquias e da dependência econômica agroexportadora de café e da crescente dívida internacional do Primeira República Brasileira.

As condições de vida vinham se degradando inexoravelmente na cidade do Rio de Janeiro, nesse período de transição do século XIX para o século XX, e do Império para a República. O espaço urbano acanhado, todo entremeado de morros e áreas pantanosas, mal se prestava à acomodação de uma cidade de dimensões médias. A capital do país passaria nesse momento, entretanto, por um processo vertiginoso de metropolização, com a população crescendo de forma desorganizada, com uma classe política viciada no poder e ausente no debate sobre a melhoria de vida dos pobres. A questão social acabara de se edificar como algo preocupante para elites oligárquicas da “Política do café com leite”, embora os pobres estando alheios a participação institucional da política e das eleições.

Sevcenko nos mostra que se criou, ao longo da História e através dos discursos oficiais, um discurso maniqueísta sobre um fato que não se restringe a vacinação. A política autoritária e o pano de fundo político influenciaram mais a revolta em si do que a motivação sanitária. É obvio que o discurso anti-vacina foi o mote, mas há mais insatisfação pela ausência de cuidado com os pobres e com suas reivindicações do que meramente uma contrariedade da vacinação.

Sevcenko desvenda o modo e operação da política da Primeira República, violenta, antipopular, arraigada no tradicionalismo de uma elite agrária pouco afeita a atender ou ouvir as demandas populares da população mais pobre. Os primeiros anos da república no Brasil nos mostram como um discurso político é materializado para a manutenção da pobreza e da constante necessidade de privar os espaços públicos a uma elite. Infelizmente a história do brasil tem inúmeros exemplos. Quase como um lema: entre o público e o privado, instrumentos de poder e uma história de violência, lutas, exclusões e dependência econômica.
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Stanleyasr 28/09/2021

Curto, informativo e envolvente.
Muitas vezes a gente pode achar chato ler um livro contando alguma história do passado e tal.
Mas nesse caso, fui buscar um livro mais técnico e informativo e encontrei uma história muuuuito interessante e contada de uma forma muuuito envolvente.
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Matheus 26/07/2021

Leitura fabulosa e talvez necessária
Acredito, chegando até aqui no final, que a Revolta da vacina não aconteceu apenas pelo simples fato da vacinação ter sido imposta. É evidente que precedentes (intencionalmente ou não) segregacionistas contribuíram para a eclosão do levante, e isso fica claro quando a gente termina de ler o livro. A revolta possuía resquícios e “focos de incêndio” do ódio que a população vinha acumulando contra seus líderes. Esse ódio reverberou durante os anos, a revolta ascendeu e ele serviu de alimento para o estopim do conflito, quase como um desabafo da população. Lendo esse livro, dá pra perceber que muito do que acontecia no Rio de Janeiro de 1900 continua se repetindo até hoje, infelizmente. A discriminação e a morte de pessoas inocentes “confundidas” com bandidos hoje em dia é o que seria o alargamento das avenidas e expulsão da população naquela época, fatos que escancaram as desigualdades sociais e as representações do que é ser “da margem”. “A Revolta da Vacina” é um texto que deve ser lido qualquer pessoa que queira analisar as conjunturas políticas e sociais do Brasil. Uma obra que desperta inúmeras discussões e reflexões importantes, e que, pra mim, se mostram bastante interessantes para o contexto atual do país.
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Vieira 05/07/2021

A revolta da vacina
O livro aborda a revolta da vacina ocorrida durante o governo de Rodrigues Alves. A campanha de vacinação obrigatória, visava conter os índices de infeção por variola e febre amarela na capital federal (RJ, na época). Mais que isso, o projeta fazia parte de um projeto maior que era a "higinizaçao social" na capital.
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Yasmim 27/06/2021

Pra quem cresceu aprendendo que a Revolta da Vacina foi só porque as pessoas não queriam ser vacinadas, foi um super socão na cara. Livro muito necessário a todos os brasileiros (ou qualquer povo que em algum momento de sua história tenha sido massacrado pelo rolo compressor das elites), não só porque acaba com o simplismo das explicações superficiais, mas porque o esqueleto dessa revolta no fundo é o esqueleto de toda a história brasileira. É de se pensar no que fazer pra dar fim a essa lógica que até hoje dita o comportamento de quem tem poder.
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