O rei Lear da estepe

O rei Lear da estepe Ivan Turguêniev




Resenhas - O Rei Lear Da Estepe


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Fernanda.Caputo 16/08/2024

Filhos ingratos
Rei Lear é minha peça favorita de Shakespeare, então eu estava bem curiosa para ler esta versão russa da história.

Eu gosto muito desses começos em que há uma roda de pessoas contando histórias, como em A volta do parafuso ou Coração das Trevas, e um começa a contar um caso do passado.

Aqui, a história me parece ainda mais trágica, já que falta uma Cordélia. Mas é uma excelente reflexão sobre a ingratidão de filhos.
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Marina 12/05/2024

Gostei mais dessa versão que do original do Shakespeare. O formato de prosa me agrada mais e achei que a história foi melhor desenvolvida. A peça de Shakespeare já abre com o rei dividindo seu reino entre as filhas, enquanto a novela de Turguêniev primeiro constrói a figura desse patriarca para depois chegar na divisão das posses.

O cerne da história é o mesmo, mas Turguêniev consegue transportá-la para o ambiente e a realidade russa do século XIX, usando elementos de outras peças de Shakespeare e incluindo diversas menções ao folclore russo. Gostei muito do posfácio da tradutora que nos esclarece esses detalhes.
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Icaro 17/09/2023

Genial
Mais uma linda e bem produzida publicação da Editora 34.

Baseado em uma peça de Shakespeare, o autor conta a sua versão de Rei Lear pobre e camponês.

Com uma vivacidade na narração, a história nos leva para uma vida parada e fatigante no interior da Rússia que passa por um fato marcante envolvendo a tragédia de uma família.

Texto envolvente e bem trabalho, mais um clássico russo!
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Carol 23/07/2023

Impressões da Carol
Livro: O Rei Lear da Estepe {1870}
Autor: Ivan Turguêniev {1818-1883}
Tradução: Jéssica Farjado
Editora: 34
136p.

Apenas um grande escritor tem a capacidade de, a partir de uma obra-prima, elaborar outra. Nikolai Leskov foi feliz com sua "Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk" e Ivan Turguêniev, a fortiori, com seu "O Rei Lear da Estepe".

"Nossa conversa enveredou por Shakespeare, para os seus tipos, para como eles eram profunda e verdadeiramente arrancados das próprias entranhas da 'essência' humana. Admirávamos sobretudo sua verdade de vida, sua atualidade; cada um de nós nomeou os Hamlets, os Otelos, os Falstaffs e até os Ricardos III e Macbeths (estes últimos, é verdade, apenas na medida do possível) com quem nos havia acontecido de cruzar - Mas eu, senhores - exclamou nosso anfitrião, homem já de certa idade -, conheci um rei Lear." p. 7

O drama do Rei da Bretanha, que divide seu reino entre duas filhas ingratas, renegando a terceira que o ama, é transportada da nobreza inglesa para as camadas mais pobres da população russa, quando chega às estepes.

Martin Kharlov Petróvitch é um pequeno proprietário de terras que, temendo a chegada da morte, divide a propriedade entre suas duas filhas. Os desdobramentos dessa decisão irrefletida estarão no cerne dessa novela, que é homenagem e estilização.

O que me agradou tanto em Leskov quanto, agora, em Turguêniev, é que suas histórias não são meras releituras do texto shakespeariano, são tramas completamente russas.

"O Rei Lear da estepe" está povoado de figuras folclóricas eslavas, a começar por Kharlov, comparado a um herói bogatir. A cabana com patas de galinha da Baba Iagá, o espírito da floresta liéchi, a pequena e malvada kikimora são ecos de uma tradição oral milenar. É Turguêniev seguindo os ensinamentos de Púchkin e Gógol.

Muito me agrada também a estrutura de uma narrativa dentro de outra. O narrador que testemunha os fatos e nos conta a história, dando um toque de fofoca e verossimilhança, como uma Sherazade russa.

Indico demais esta novela lapidar de Turguêniev, que li no Clube do Livro Russo, mediado pelo @litrussa. Diversão garantida. Turguêniev encantador
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Léo Araújo 29/04/2023

A história gira em torno de um rico proprietário de terras chamado Martin Petróvitch Kharlov, que é frequentemente comparado ao Rei Lear de Shakespeare devido à sua personalidade dominadora e às trágicas consequências de suas ações.

A decisão de Kharlov de dividir sua propriedade entre suas duas filhas ainda em vida após sonhar com a morte, assim como o Rei Lear, leva a uma série de eventos que acabam resultando em sua queda.
Ao longo da história, Tchekhov retrata magistralmente as complexidades da natureza humana, as consequências do poder descontrolado e o medo do desconhecido, pois a divisão é uma tentativa de evitar que uma previsão se cumpra, tentando modificá-la. Além disso, faz uso de elementos de fantasias no decorrer da história (a própria descrição de Kharlov se aproxima de lendas eslavas).

A vasta e desolada paisagem das estepes russas serve como pano de fundo adequado para a exploração da história do isolamento e da luta humana pela conexão. Esta história serve como um lembrete da importância de manter esse equilíbrio e permanecer conectado com as pessoas de quem gostamos.

O livro é uma obra poderosa e instigante que investiga as complexidades da natureza humana e as consequências de nossas ações, deixando lições atemporais sobre o relacionamento humano, suas escolhas e as consequências.
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Carlos Nunes 10/03/2023

Terceira novela de Turgueniev que leio, e a cada uma constato o quão prazeroso é ler suas obras. Ele pode até não ser considerado tão "russo" quanto outros grandes escritores (o que é uma grande bobagem, a meu ver), nem ter a profundidade psicológica (que beira o incompreensível) de Dostoievski, mas é inegável seu talento para contar uma boa história, com uma narrativa precisa e elegante, e personagens memoráveis.
Essa também pode não ser sua obra-prima, mas a forma com que Turgueniev conseguiu traspor a maravilhosa e profunda peça do Shakespeare para essa propriedade rural na Rússia oitocentista é digna de se tirar o chapéu. Uma novelinha que brilha por si só e se lê com prazer e interesse, e mais ainda se a leitura for feita posteriormente à peça original, o que acrescenta uma camada a mais de verniz que só abrilhanta o texto.
Uma grande história, muito bem complementada nesta edição pela transcrição de um discurso feito pelo autor por ocasião do tricentenário de Shakespeare, que evidencia a admiração e o respeito que Turgueniev tinha pelo dramaturgo inglês. Recomendadíssimo!
mirianbezerra 10/03/2023minha estante
Fiquei interessada no livro


Dan 10/03/2023minha estante
Interessante que eu o acho mais russo que Dostoiévski. "Memórias de um caçador" é uma das coisas mais russas que li. Rsrsrs


Jaciara44 17/03/2023minha estante
Ola Carlos. Parabéns pela resenha. Como vc tocou no assunto sobre Turgueniev recomendo a leitura do livro "Os europeus" de Orlando Figes que conta muito da vida desse escritor integrando o avanço das ferrovias na Europa com a vida musical, literária e artística da época. Achei fantástico. Li por recomendação da Paloma. Vai nessa que tenho certeza que vai adorar. Obrigada pela resenha também das 1001 noites, já li e estou acompanhando suas observações com muito entusiasmo. Parabéns




Júlia 29/01/2023

Não é nada de especial, especialmente quando comparado a outros clássicos russos; entretanto, consegue ser extremamente didático sobre a cultura do país e é rápido de ser lido.
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Vitor Hugo 25/09/2022

Atemporal, mas, também, tipicamente russo

Partindo da conhecida tragédia de Shakespeare, Turguêniev, um dos maiores escritores russos de todos os tempos, compôs esta bela novela, adaptando o drama da corte inglesa à realidade rural russa do Século XIX, com seus tipos característicos. Na história, Kharlov, após prever a morte em um sonho, lega toda sua propriedade a suas duas filhas, que depois o "ofendem", levando-o ao desespero. Publicado em 1870, continua muito atual, afinal narra aquilo que é próprio da essência humana.
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Getulio.Paulino 03/08/2022

Adaptação de Rei Lear de Shakespeare
O Rei Lear da Estepe é uma novela com trinta e um capítulos e mostra parte da conhecida tragédia de Shakespeare, na qual o soberano, com idade avançada, abre mão de seu reino para legá-lo às filhas, mas ambienta-a na pequena propriedade rural de uma província russa. O narrador desta adaptação é um adolescente de quinze anos, cuja paixão é a caça na propriedade rural da mãe.
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Felipe Augusto 20/01/2022

Surpreendente
Meu primeiro livro do Turguêniev, uma história de um personagem melancólico e que no desenrolar da história nos surpreende com suas atitudes, é basicamente uma releitura de rei Lear do William Shakespeare mas tem um mais que deixa a história surpreendente.
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de Paula 08/11/2021

Releitura melhorada
Bem, como qualquer leitor de Shakespeare já deve estar ciente, muitas das fontes do bardo tem origem de histórias pré existentes na cultura oral de vários países que ele tinha conhecimento e as lapidava a fim de transformar neste diamante eterno da literatura universal, considerando que sempre tratava de conceitos da natureza humana que estavam envolvidos com pessoas nobres. Pensando nisso, outro gênio da literatura mundial, o russo Ivan Turguêniev decidiu fazer o mesmo, refinando uma das melhores tragédias shakespearianas na minha opinião, Rei Lear. Tenho que dizer que ele o fez com tamanha maestria que prefiro esta a obra original do inglês.

Tudo se passa no interior da Rússia, com uma realidade campestre e mais simples que os grandes centros, embora títulos de nobreza e a burguesia reinassem por ali também, além da origem ser importante como símbolo de autoridade. Nisto vemos o russo descendente de sueco e protagonista da história deparado ao grande dilema da velhice e a morte que se aproxima. Sendo assim, decide dar a herança às filhas em vida, para fazer o que acha certo. A história é contada por um narrador onisciente que acompanhou toda a narrativa e a compartilha num encontro com amigos da universidade em uma discussão sobre Shakespeare e sua sabedoria e conhecimento profundo sobre a alma humana.

A história possui de modo geral os mesmos elementos da tragédia do rei da Bretanha, com alguns personagens cumprindo o papel de dois ou mais da peça original, mas é perceptível os momentos simbolizados na Rússia. A grande sacada de Turguêniev é trazer tudo isso para uma concepção mais crível e próxima do leitor, além de abordar com mais profundidade o que Shakespeare elaborou em cinco atos. O final do Rei Lear da estepe russa é muito mais factível e emocionante do que o rei da Bretanha, a meu ver.

De todas as simbologias abordadas a que eu mais fiquei impactada e não vi outras pessoas comentando sobre é o fato do genro judeu (não vou entrar no mérito da carga antissemitista que envolvem os personagens judeus, considerando que esse não é o único caso na literatura russa) que era dono da casa, amante das duas herdeiras (sim, Edmundo - assim como ele tinha que conviver com o preconceito sobre sua origem, sem nada poder fazer a respeito para mostrar seu valor, se tornando desprezível), mas a vê definhando a sua frente quando o Martin resolve tudo como Sansão entre os Filisteus após sua prisão pela traição de Dalila - sim, Turguêniev buscou uma referência judaica e poucas pessoas captaram o impacto disso para a obra. Sansão era conhecido por sua força sobre-humana (um Hércules da mitologia judaico-cristã) e Israel vivia em guerra com os Filisteus em sua época (atual Faixa de Gaza), onde Sansão era o escolhido para vencê-los e salvar seu povo desde que não cortasse os cabelos. Ele no entanto se apaixonou por uma filistéia (na verdade a segunda, porque a primeira com quem casou ele matou, junto com todos os presentes na cerimônia matrimonial por uma "traição" cometida pela noiva), chamada Dalila, a qual foi paga pelo rei dos filisteus para descobrir a fraqueza de Sansão. Após inúmeras tentativas, o judeu revela que a origem da sua força está relacionada ao seu cabelo, o qual a amante corta e assim ele vulnerável é preso e tem os olhos furados. Num rompante de raiva e vingança, Sansão pede a Deus mais uma vez sua força e ao puxar as correntes de suas mãos, derruba duas colunas do palácio filisteu sobre si e mata assim todos os presentes na comemoração de sua prisão. Achei genial o autor usar isso para derrotar o vilão judeu, uma referência a própria fé do genro corrupto e manipulador.

O final das personagens femininas é muito mais plausível do que o bardo fazia nas tragédias, que era matar todo mundo, elas tiveram uma vida na narrativa de Turguêniev e isso faz toda a diferença, pois mostra que o remorso não muda ninguém, absolutamente. Temos a falsa ideia de justiça que para os maus haverá castigo e os bons serão recompensados, mesmo em meio as dores, o que não é uma verdade absoluta, embora eu particularmente acredite na lei do retorno.

É uma obra brilhante, rápida e acessível, com uma fortuna crítica incrível no final do livro e complementar a leitura shakespeariana. Não vou entrar em maiores detalhes, pois concordo muito com que a tradutora trouxe no pósfacio e em sua tese de mestrado sobre a obra. Vale a pena conferir!
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Bela 07/08/2021

Bem, a peça shakespeariana retrata um rei que decide repartir seu reino entre as três filhas fazendo relação com o amor que cada uma lhe demonstra. Em resumo, Lear toma todas as decisões erradas e termina louco e sem qualquer poder.
A história de Turguêniev começa desta forma: amigos contando histórias numa noite de inverno russo. Eles discutem sobre as peças shakespearianas e como estas são ?profunda e verdadeiramente arrancadas das próprias entranhas da essência humana?, além da ?verdade de vida? contida. Até que um deles menciona ter conhecido um Rei Lear, o dito Kharlov, ?homem de estatura gigantesca?. Kharlov tem a premonição de que morrerá brevemente e decide dividir suas terras legalmente entre as duas filhas: o destino está traçado.
A grandeza da obra reside não na síntese da peça de Shakespeare, mas no poder de apreensão do povo russo e suas especificidades. Aqui ele parece tentar responder ao seu tempo através do dado popular, mostrando a profundidade e o alcance dos embates morais daquela sociedade.
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moacircaetano 17/06/2021

Bom livro, um russo de pedigree.
Pra mim, é a porta de entrada para o autor, que ainda não conhecia, e foi aprovado.
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