Frank 29/03/2021Eu comecei o livro com uma expectativa. Achei que ia ser um drama sobre estupro e as relações familiares. As implicações psicológicas desse crime. Mas do nada se tornou um trhiller policial sem sentido.
Não consegui ter empatia por nenhum personagem.
Pra começar, a hipocrisia gritante de uma pessoa considerada defensora feminista, com voz ativa na sociedade onde ela estava inserida, e que criticava duramente a cultura do estupro. A propria história narra que apenas 5% das acusações de estupro são falsas.
Mas o que ela faz quando o filho é acusado de estupro? Considera irredutivelmente que ele é inocente e nem abre brecha pra possibilidade de ele ser o culpado. Até os lequenos indício da culpa inseridos (inutilmente) nos parágrafos, são imediatamente descartados no próximo parágrafo, e no próximo capítulo parece que nunca existiram. O discurso de que todo homem é um estuprador em potencial cai pro terra.
Não senti empatia nem pela menina de 13 anos estuprada, que aparece tão fria diante do estupro, narrando o ocorrido e pedindo pra não denunciar. Fiquei sem entender isso durante as 400 páginas. No final a explicação ainda não me convenceu.
O pior no meio disso tudo é inserir suspense, desaparecimento, agressão (também não denunciada) traição (que eu jurava que ia ser mote para mais alguma tragédia e que foi esquecida).
Personagens apáticos e com pensamentos repetitivos a cada capítulo, prolongando uma semana como se fossem meses.
A ideia de debater o estupro foi original da forma de abordagem, mas o desenvolver dessa trama deixou a desejar a meu ver.