Tauan 15/09/2021
Imperdível
Segundo dos livros da TAG que leio esse ano e vai disputar lugar na minha lista dos 10 melhores de 2021 (e foi 105° livro que li esse ano).
Narrado na perspectiva de duas amigas, em primeira pessoa quando acompanhamos a professora Holly e em terceira pessoa quando estamos com a empresária Jules, o livro da britânica Penny Hancock aborda assuntos cascudos: estupro e consentimento, confiança e traição, amizade e mentira, família e comunidade; quando a filha de treze anos de Jules diz que o filho de dezesseis da melhor amiga da mãe abusou dela, justamente quando a mãe o deixara “tomando conta” da menina para sair para uma noitada com as amigas.
Duas mulheres que se conhecem a vida toda — que agiram como confidente e esteio uma da outra, confortando e ajudando quando uma ficou viúva, aconselhando e acobertando quando a outra traiu o marido, estando firme ao lado da amiga quando do momento do parto ou de mais um devastador aborto espontâneo — se encontram em lados opostos de uma polêmica com efeitos explosivos e progressivos.
Violência doméstica, bullying, abuso de menor, feminismo, aborto e a capacidade de perdoar e superar ofensas aparecerem capítulo após capítulo enquanto o leitor tenta desvendar (no mínimo) dois mistérios.
Acaba que o livro se torna um thriller psicológico misturado com drama pós-moderno.
Há ainda o charmoso contraste entre metrópole e vila de interior, que servem de cenário para a trama cujas nuances influenciam personagens e atitudes de forma surpreendente.