Carla.Parreira 17/11/2023
Curar o estresse, a ansiedade e a depressão sem medicamento nem psicanálise
Eis alguns trechos: ?...A suspensão do julgamento é a chave mestra da comunicação emocional. Se falo sobre o que sinto, ninguém pode discutir comigo. Ao falar de mim, e só de mim, não critico nem ataco o outro. Estou expressando meus sentimentos e, portanto, sendo autêntico e aberto. Se eu for habilidoso e realmente honesto comigo mesmo, posso chegar até a expor minha vulnerabilidade ao mostrar como o outro me magoou. Posso ser vulnerável porque expus uma de minhas fraquezas, mas, na maior parte dos casos, é precisamente essa honestidade que desarma o adversário. Minha franqueza fará a outra pessoa querer cooperar - desde que, claro, ela esteja envolvida no relacionamento... A arte do espelhamento gera empatia instantânea e, num segundo momento, se fazer misteriosa desperta no outro o interesse de ter mais momentos junto com a gente. Podemos ser misteriosos nos revelando aos poucos e aguçando a vontade do outro de nos conhecer cada vez mais, ou então, podemos revelar aos poucos aquilo que gostamos e admiramos nesse outro, fazendo-o imperceptivelmente se apegar a nossa boa companhia... Há momentos que devemos ser passivos, pois não vale a pena falar ou agir; há momentos que devemos ser um pouco agressivos, pois o outro precisa de entender que ele não é o dono do mundo; e há momento que o melhor a fazer é ser assertivo, falar e agir com equilíbrio e inteligência emocional. Mas não importa a situação, há somente três maneiras de reagir. A cada instante, cabe a nós escolher: vamos aceitar a briga, fugir ou ficar com o desafio da comunicação emocional efetiva? Nada gera mais stress, ansiedade e depressão do que relacionamentos mal gerenciados e mal sucedidos com aqueles que são importantes para nós. E está totalmente em nossas mãos mudar isso... Podemos ajudar aos outros e a nos mesmos questionando: O que lhe aconteceu? E como isso faz você se sentir? E como você se sente a respeito disso agora? E o que a incomoda mais agora? E o que pode ajudá-lo a lidar melhor com isto?... A paz é um processo de aprendizagem. A frustração tem uma filha de nome muito conhecido: agressividade. A agressividade nasce do estado de frustração. Sendo natural que a vida nos ofereça ?nãos?, é, assim, natural a frustração e, igualmente a agressividade, que significa etimologicamente, agredire (do verbo latino), colocar-se de pé e ir em direção a algo... Quando acontece na vida de uma pessoa um profundo desequilíbrio entre satisfações e frustrações, tendo muito mais frustrações que satisfações, a agressividade é canalizada para a violência. Ela desvia de sua condição natural e se canaliza para a destruição... A violência é uma construção na história de vida da pessoa... Violência vem de medo, medo vem de incompreensão, incompreensão vem de ignorância e combatemos a ignorância pela educação... Quando unimos nossas mãos entrelaçando nossos dedos, se o polegar direito for superior (maior), significa que a lógica e a razão predominam em nossa vida. Se o polegar esquerdo for o superior então somos a intuição e a emoção. Nenhuma das duas é necessariamente ruim. O excesso é que prejudica... Emoções (emoção, do Latim emovere, significa movimentar, deslocar) são, como sua a sua própria etimologia sugere, reações manifestas frente àquelas condições afetivas que, pela sua intensidade, nos mobilizam para algum tipo de ação... As emoções modificam funções intelectuais, nomeadamente a percepção, o pensamento, a memória, a atenção, a capacidade de concentração e a consciência crítica. Do ponto de vista biológico, induzem modificações corporais e, quando ocorrem, alteram o traçado eletroencefalográfico, a tensão muscular, a ativação do sistema nervoso vegetativo e certas secreções hormonais, como a adrenalina, a noradrenalina, a insulina e os corticosteroides, podendo conduzir a doenças psicossomáticas. Numa perspectiva social, as emoções desempenham um papel de especial relevo na motivação humana, podendo influenciar aspectos como a personalidade, as relações sociais, o desempenho profissional, a vida sexual, a ascensão numa carreira ou a própria maneira de viver dos indivíduos... O objetivo que devemos atingir é o equilíbrio psicológico, biológico e social e não a eliminação das emoções. Partindo do pressuposto de que todo o sentimento tem o seu valor e sentido, estudos recentes têm demonstrado que o importante é a emoção controlada/orientada, ou seja, o sentimento proporcional à circunstância. Isto porque, quando as emoções são recalcadas demais, criam o embotamento e a distância; quando extremadas e persistentes tornam-se patológicas. Quando se faz uso das emoções em favorecimento próprio com intenção de tornar essa prática assídua é muito importante ter a capacidade individual de primeiramente perceber a emoção que se está sentindo, ou seja, ter a consciência da emoção vivida e logo em seguida, avaliar o porquê desta emoção, deste sentimento para, por fim, expressá-lo da melhor maneira, sem agredir a si mesmo ou outrem. Tendo o hábito de manter-se consciente dos próprios sentimentos e emoções em relação às coisas e aos outros, atentando para como são as atitudes tomadas na hora de um problema ou qualquer situação que você transformou em problema, pode-se ter uma projeção de como os outros têm a capacidade de interpretá-lo, além de saber as opiniões sobre si mesmo. Uma autoavaliação, por exemplo, tem o poder de perceber como transformar as emoções negativas em positivas. O que você pensa, acha e encara como característico seu, pode lhe fornecer uma visão ampla da sua personalidade, atos, desejos e sensibilidades. A autoconsciência é capaz de oferecer maturidade refletindo como é a sua maneira de conversar, aceitar uma ideia ou opinião e realizar determinados trabalhos em grupo, e sozinho... Com efeito, ?controlar? as nossas emoções é quase uma atividade de tempo integral: muito daquilo que fazemos é uma tentativa de ?controlar? o estado de espírito. Desde ler um romance, ou ver televisão, até as atividades e companhias que preferimos, tudo isto pode ser uma maneira de nos sentirmos melhor... As lições apreendidas na infância modelam os circuitos emocionais que comandam a ira, o medo, a paixão, a alegria, e a grande revelação é que tais circuitos podem ser trabalhados e os hábitos podem ser modelados. E, ao contrário do que muitos acreditam, o problema não é a emocionalidade, mas a adequação da emoção e sua manifestação. As emoções são impulsos para o agir, planos instintivos para lidar com a vida. Podem ser nocivas ou benéficas para o desenvolvimento do indivíduo e para a saúde humana...
A educação emocional, já implantada em alguns países, é a aplicação sistematizada de um conjunto de técnicas psicopedagógicas que visam desenvolver 5 aptidões emocionais básicas:
1. Capacidade de reconhecer os próprios sentimentos: se não for capaz de avaliar a qualidade e intensidade dos próprios sentimentos, o indivíduo não poderá definir até que ponto estes sentimentos o estão a influenciar positiva ou negativamente.
2. Capacidade de empatia: capacidade de sentir como o outro, de perceber as emoções do outro, como se estivéssemos no lugar dele. Ter esta capacidade é fundamental para estabelecermos relacionamentos bem sucedidos, seja na família ou no trabalho.
3. Capacidade de controlar as próprias emoções: Ter controle nas próprias emoções significa ser capaz de expressar adequadamente o que se está sentindo, evitando expressões emocionais ofensivas e improdutivas, além de ser capaz de adiar a expressão das mesmas até ao momento propício. Isto é diferente de conter e simplesmente reprimir, suprimir ou engolir as emoções.
4. Capacidade de remediar danos emocionais (reparação): desenvolver a capacidade de reconhecer os próprios erros em relação aos outros e reparar os danos que isto possa ter causado, ou seja, saber desculpar-se efetivamente. 5. Capacidade de integração emocional e interatividade: habilidade de estar consciente do próprio estado emocional, ao mesmo tempo em que se está em sintonia com o estado emocional daqueles que o cercam e ser capaz de interagir eficazmente com eles... A ideia de sucesso na sociedade atual está muito relacionada com a ideia de poder, especialmente no que se refere à capacidade de ganhos materiais, gerando um alto grau de competitividade, muitas vezes desenfreada e desleal. No entanto, estudos desenvolvidos têm demonstrado que o bem-estar dos indivíduos e o seu desenvolvimento como pessoa depende muito mais de fatores emocionais, ou seja, não tanto do que eu tenho, mas do que eu sinto... Muitas pessoas, em vez de se imunizarem contra as emoções negativas, o que seria o ideal, dizem-se ?controladas?, podendo não estar a reconhecer os estados emocionais negativos que estão a experimentar como, por exemplo, a raiva, a ansiedade, o medo ou a tristeza. No entanto, as tentativas de se libertarem (dissimulando) dessas emoções negativas nem sempre tem êxito, pois algumas pessoas que aparentam certa tranquilidade podem estar a desenvolver uma alta reatividade fisiológica. São, por vezes, obrigadas, pelo papel social que desempenham, a dissimular sentimentos diariamente, mas isso não significa que não estejam, no seu íntimo, a viver tais emoções... Sentimentos de indignidade, inutilidade e depreciação podem tomar conta da nossa mente, gerando sofrimento e perda de sentido em relação ao trabalho e à vida e, à menor dificuldade, podemos sentir-nos impotentes, paralisados como se nosso cérebro e músculos estivessem adormecidos. A vida, nestas circunstâncias, perde o seu sabor, e todas as atividades para as quais somos chamados no nosso dia-a-dia podem, também, transformar-se em fardos muito pesados em relação à nossa fragilidade... Na verdade, os nossos sentimentos são o sexto sentido, o sentido que interpreta, organiza, dirige e resume os outros cinco. Os sentimentos dizem-nos se o que estamos a experimentar é ameaçador, doloroso, lamentável, triste ou alegre... Os sentimentos podem ser disfarçados, negados, racionalizados, mas um sentimento doloroso não se retirará enquanto não tiver percorrido o seu percurso natural... Os indivíduos de elevada autoestima revelam um acentuado grau de aceitação de si mesmos e dos demais, sentem-se seguras no seu ambiente e nas suas relações sociais, revelando um sentimento de pertença e de vinculação aos outros. Trata-se de pessoas que, quando enfrentam desafios ou problemas, reagem com confiança e geralmente são bem sucedidas. Sentem-se orgulhosos de si mesmos e responsabilizam-se pelos seus próprios atos. Em contraste com tais pessoas, estão os indivíduos que, apresentando baixa autoestima, são temerosos e não se arriscam, por temer o fracasso, preocupando-se com o que os outros pensam deles ou dos seus atos e geralmente não são capazes de fazer frente aos desafios. As pessoas que possuem baixa autoestima, regra geral, embora saibam o que fazer para atingir certas metas em determinada situação social, nem sequer tentam porque se sentem incapazes... O primeiro passo para lidar com as nossas perdas é admitir a nossa fraqueza e vulnerabilidade diante dos reveses da vida. Em segundo lugar, devemos posicionar-nos, com toda a abertura, diante daquele ou daquilo que nos magoa, irrita ou amedronta. O importante é colocarmo-nos diretamente em contato com a dor e o prazer da vida, com os nossos sentimentos e experiências como realmente são, pois isto é o que nos dá a liberdade de fazer um ajuste mais realista e positivo em relação ao mundo... A regra de ouro é a seguinte: deixar que as coisas sejam o que são! Uma vez que chegamos à conclusão de que não há mais nada a fazer da nossa parte, e que os fatos seguem paralelamente ao nosso lado sem nosso consentimento, à razão aconselha aceitá-los com toda a calma, quase com doçura, sendo que, aceitar significa admitir, sem irritação, que o outro seja tal como é, que as coisas sejam como são... Em vez de nos irritarmos, deixemos que cada coisa, uma por uma, seja!... A palavra inteligência tem sua origem da junção de outras duas palavras latinas inter (entre) e legere (eleger ou escolher) que se adaptando a origem desse termo ao conceito atual concluem-se que a inteligência é a escolha da melhor entre duas ou mais situações... O estresse não esta no que fazemos, mais sim em como reagimos às coisas... Pessoas emocionalmente bem desenvolvidas se sentem mais satisfeitas em sua vida, pois dominam os hábitos mentais que estimulam a produtividade. Já as pessoas que não tem controle emocional, travam batalhas internas, que prejudicam as capacidades de concentração e de pensar com clareza... Inteligência emocional é simplesmente o uso inteligente das emoções ? isto é, fazer intencionalmente com que as emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento a seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados... O tipo QI puro é quase uma reprodução intelectual capaz de dominar a mente, mas sem aptidão para o mundo pessoal, já que as pessoas com alto QI são ambiciosas, produtivas, previsíveis, obstinadas, transigentes, tediosas, inibidas, inexpressivas, desligadas e emocionalmente frias. Diferentemente, as pessoas com um alto grau de IE, que por contrapartida são socialmente equilibradas, comunicativas e animadas, não têm receios ou não possuem pensamentos ruminantes de preocupações. Relacionam-se muito bem ao assumir responsabilidades e tem uma visão ética sobre as pessoas ou causas, tornando-se solidárias e atenciosas em seus relacionamentos. Pessoas emocionalmente inteligentes expressam suas ideias de modo direto e sentem-se bem consigo mesma, para elas a vida tem sentido. São comunicativas e adaptam-se bem à tensão. O equilíbrio socia1 delas permite-lhes ir até os outros, tornando-as extrovertidas, espontâneas e abertas a experiências diversas. Esses perfis são extremos, porém todos nós mesclamos o QI e inteligência emocional em graus variados. Notamos então, que a IE contribui com um número muito maior das qualidades para que nos tornemos plenamente humanos... Existe uma coisa muito irônica sobre a comunicação humana, a cada segundo do dia, muitos de nós não conseguimos expressar o que sentimos. Quantas vezes você já foi ofendido por alguém, mas sorriu entre os dentes para tudo parecer menos desconfortável ao seu redor? Mesmo que você não faça isso, é como a maioria das pessoas se sente quando não são transparentes com suas emoções. Tudo que você diz a alguém tem efeitos enormes que vão além da superficialidade. Se você compreende o poder de influência das palavras com as suas devidas responsabilidades, elas aproximar-lhe-ão de tudo o que quiser. Isto significa que, quando negligenciamos as nossas emoções, iremos sempre sentir jogados para escanteio, como um objeto de descarte qualquer.
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Resumindo, a inteligência emocional se baseia em:
1. Ser persistente quando está diante de um novo desafio, não desistindo nas primeiras dificuldades.
2. Procurar se colocar no lugar do outro, sendo compreensiva em relação aos momentos difíceis de outra pessoa.
3. Expressar suas emoções de acordo com as pessoas, situações e o momento oportuno.
4. Controlar suas emoções, mantendo a calma nos momentos difíceis.
5. Ter uma visão realista de si mesmo, com adequada percepção de suas potencialidades e limitações.
6. Superar seus sentimentos de frustração quando alguma coisa não dá certo, procurando aprender com as experiências negativas.
7. Quando tem alguma dificuldade com outra pessoa, procura conversar diretamente com ela, evitando fofocas e mal entendido.
8. Dificilmente perde a paciência com as pessoas que gosta. Se perder, logo se recupera e se arrependo do que aconteceu.
9. Consegue expressar suas opiniões de forma clara e percebe quando é ouvida com atenção.
10. Se sente segura diante das outras pessoas...?