Rayhan Chamoun 10/03/2024
Aceitam um pouco de violência, ó, meus irmãos?
Eu assisti "Laranja Mecânica" há algum tempo, e o ilustre filme homônimo de Stanley Kubrick foi uma experiência única, logo, quando tive a oportunidade de adquirir o romance original que serviu de base para o roteiro do filme, não demorou para que eu desse prioridade a esta leitura, visto que queria enxergar a diferença entre as duas obras.
Anthony Burgess estabelece uma prosa matraqueada, que me foi difícil de absorver de início, já que a trupe de adolescentes rebeldes usa jargões que misturam inglês e russo em palavras totalmente novas, mas à medida que a história avança e analisando o contexto de cada período, fui identificando melhor essas nuances e a significação de tais termos contribui para uma experiência intrigante, para dizer o mínimo.
A história também é visceral, recheada de momentos perturbadores envolvendo agressões físicas, estupros, tortura, fanatismo, entre muitos outros temas que são levantados para discutir a inerência do bem e do mal e sua relação com a liberdade do homem.
Foi, sem sombra de dúvidas, um livro marcante e aprazível, e ter a oportunidade de ler o capítulo final da história e que foi suprimido da publicação original americana (e que acabou resvalando no filme, visto que Kubrick leu a história através desta edição e, logo, o filme não possui o trecho final) trouxe um quê mais filosófico e otimista da narrativa, digna de um clássico.
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