spoiler visualizarLeoContigli 27/11/2023
Incontestavelmente um livro muito bom que fala da violência e juventude. O grande marco dele é o dialeto fictício que o Burgess cria - o nadsat - baseada em palavras russas, alemãs e da própria lingua inglesa, mas principalmente onomatopeias e metáforas que retratam diretamente a conjuntura do personagem principal.
O Alex é indistintamente um ser humano desprezível, capaz de realizar as maiores atrocidades imagináveis somente pelo prazer do ato em si, desde estupros, espancamentos, roubos, torturas e assassinato, e esse é o cerne do livro: o que fazer com um ser humano - de 16 anos de idade - que é indiscutivelmente cruel? Conforme o livro passa se percebe que mesmo com toda a terapia de aversão ele continua tendo pensamentos de puro ódio e destruição, só não os realizando pela reação de dor e desconforto extremo que o método proporciona à ele quando essas ideias passam pela sua cabeça, um processo Pavloviano, mas sem sucesso algum.
Quando se chega ao fim do livro, Alex mostra que as ações retornam independente do tratamento e repercussão das suas ações, até que nas últimas páginas, quando ele já está com sua nova gangue, ele dispensa uma proposta de aventura noturna, com a justificativa que não estava muito cansado para aquilo no momento. O instante de revelação vem ao encontrar um de seus antigos colegas de gangue numa cafeteria, acompanhado de sua esposa, e nesse momento se suscita a questao: toda a violência e ódio que ele manifestava, era só uma demonstração de imaturidade e juventude inconsequente? A maldade é inerente a ele como ser humano ou só uma manifestação vil do seu narcisismo, o qual todos possuímos?