Larissa.Manucci 28/12/2021O livro Laranja Mecânica foi escrito pelo autor inglês Anthony Burgess em 1962. É importante ter a época em que o livro foi escrito em mente. Ele é considerado um livro de ficção científica além de uma distopia.
Eu, particularmente, já tinha ouvido falar do título, mas nunca tive a oportunidade de assistir ao filme nem ler o livro, eu não sabia nem mesmo qual era o enredo. O desafio veio do grupo de distopias conjuntas.
O primeiro ponto que me chamou muita atenção no livro e que me deixou apreensiva foi a escrita. O autor escreveu o livro em uma linguagem chamada Nadsat, que era basicamente um conjunto de gírias utilizadas pelos adolescentes da época. Apesar de ser um pouco complicado no início, aos poucos as palavras vão ganhando significado pro leitor e a gente começa a entender pelo contexto. Porém, no final do livro há um glossário com o significado de cada uma das palavras, que pode ser consultado sempre que necessário.
O livro conta a história de Alex, um adolescente de 14 anos. Logo no início conseguimos entender um pouco da sua rotina, Alex mora com os pais, vai a escola durante a manhã e tarde, mas é durante a noite que descobrimos a real vida de Alex. Ele e seus amigos (grugues) se reúnem em bares e tem como atividade favorita a ultraviolência. Aqui entra um outro aspecto muito forte do livro, a violência está muito presente na primeira parte, são cenas muito detalhadas e visuais dos atos praticados pelos jovens.
A ultraviolência é um problema enfrentado na sociedade da época, na qual os jovens saem as ruas durante a noite e cometem roubos, estupros, machucam as pessoas e até mesmo assassinatos, sob efeito de drogas sintéticas. É em um desses atos que Alex acaba sendo preso pela polícia. Entretanto, depois de algum tempo na cadeia surge uma oportunidade para Alex, alguns pesquisadores estão fazendo um experimento que promete deixar Alex bom. Sem nem se informar sobre como o experimento funciona, Alex topa ser uma cobaia. O experimento é relativamente curto e consiste em uma expor Alex (que se encontra imobilizado) a imagens de ultraviolência e de momentos da segunda guerra, acompanhados de uma substância que causa um mal estar em Alex. Ou seja, eles induzem Alex a sentir aversão a violência. O tratamento é chamado de Ludovico.
O livro é dividido em três partes. Na primeira parte temos Alex livre na sociedade e as cenas de violência, na segunda Alex na cadeia e durante o experimento, vemos todos os detalhes do tratamento Ludovico e na terceira parte, Alex após o experimento e sua reintegração na sociedade.
Após o experimento Alex se torna uma espécie de marionete, não tem mais controle de suas ações. Ao tirar o direito de escolher o mal, Alex perde a sua capacidade de escolher o bem também. O autor explora bem o fato de sermos fruto de nossos erros e acertos, e de como aprendemos a tomar nossas decisões.
Diferente de outras distopias que eu já li, Laranja mecânica não tem o governo como alvo principal das críticas, mas sua principal crítica é destinada ao Behaviorismo, uma área da psicologia que estuda o comportamento e foi usada como base para o tratamento Ludovico. É aqui que entra a maior questão do livro: Qual é preço do fim da violência? É correto tirar o livre arbítrio de alguém para garantir que esta pessoa não faça o mal? Existe oportunidade para o aprendizado ou amadurecimento? Ou devemos ser condicionados?