Thaisdv 08/03/2024
Resenha Pessoas Altamente Sensíveis - Elaine N. Aron
Desde que comecei meu processo de autoconhecimento, venho percebendo as coisas de forma mais racional na minha vida, e uma delas é relacionada a sensibilidade. Por diversas vezes tive lembranças de minha infância e adolescência que são indicativos desta qualidade. E assim, desde quando cruzei com este livro fiquei ansiosa para validar certas percepções acerca do meu cotidiano e buscar obter mais conhecimento sobre este assunto que possa ser útil para minha experiência com a vida.
Durante todos os dias nós somos bombardeados por estímulos, que despertam o nosso sistema nervoso, captando a nossa atenção. Estes são percebidos tanto do ambiente externo, quanto do interno e podemos perceber a variabilidade dos estímulos quanto a intensidade ou a sua duração, sendo que cada pessoa pode experienciá-los em diferentes significados e contextos.
Frequentemente nos acostumamos com estímulos, e assim, acreditamos que determinados estímulos não têm mais efeito sobre nós, entretanto começamos a nos sentir cansados e exaustos. Em um nível consciente acreditávamos estar tolerando algo que na verdade nos exauria. Mesmo estímulos que identificamos como familiares, podem levar uma pessoa altamente sensível (PAS) a ter a necessidade de se isolar ao fim do dia, sendo que qualquer estímulo extra pode ser uma gota d’água, pois todo esse acúmulo excitatório nos gera estresse.
Tendo conhecimento de como nós funcionamos frente a estímulos excitatórios, podemos adotar algumas estratégias físicas como: sair da situação, fechar os olhos, fazer intervalos, dar uma volta ao ar livre, acalmar a respiração, corrigir a postura e até mesmo dar um sorriso. É impressionante como esquecemos de nos regular com essas atitudes simples, que podem nos afastar fisicamente do evento estressor. Precisamos acolher as nossas necessidades e nos protegermos dos excessos.
Identificar os eventos e saber como amenizar os seus efeitos, faz parte do processo de amadurecimento e assim vamos desenvolvendo a capacidade de encontrar nossos abrigos, dos mais tangíveis para os intangíveis. Para isso podemos nos conscientizar melhor dos limites, daquilo que permitiremos a entrada e mantendo de fora aquilo que não faz sentido. E assim vamos desenvolvendo a habilidade tanto para controlar, afastar e até mesmo amenizar os estímulos presentes em nosso ambiente.
Os PAS são propensos a identificar todos os detalhes frente uma experiência ameaçadora, principalmente por diversos traumas oriundos da infância. E por esse motivo, muitos PAS têm dificuldade em identificar do que gostam ou não, do que aquilo que lhe fizeram acreditar que você deveria gostar. Ser sensível ao desconforto, a desaprovação fez com que provavelmente tentasse seguir todas as regras com perfeição e tendo muito medo de errar. Ser tão bom assim, o tempo todo, pode ignorar muitos de nossos sentimentos humanos normais, como a irritação, frustração, egoísmo, ira. Essa ansiedade em agradar os outros, pode necessariamente ignorar as nossas próprias necessidades, e por consequência alimentar mais ainda a raiva. Esses sentimentos são tão assustadores que muitos preferem enterrá-los, pois trazê-los à tona se tornaria mais uma fonte de temores.
Ao terminar o livro, fica a sensação de que mais um passo foi dado em busca do autoconhecimento, as perspectivas ficam mais claras e melhoramos nossa percepção de controle. Este livro entrega muitos exemplos de pessoas, em diversas ambientações como: saúde e estilo de vida, infância e adolescência, relacionamentos sociais, trabalho e relacionamento íntimo. Os quais podem nos guiar e melhorar nossa interação nestes variados ambientes. Por fim, caso tenha se identificado com algo, recomendo a leitura deste livro, que por mais específico que seja a identificação, pode obter um conhecimento muito valioso de como nós funcionamos e também que se sinta acolhido, pois aquelas coisas invisíveis que sempre sentimos, passa a ter um sentido.