IGuittis 22/05/2023Castro Alves, um jovem branco, da elite baiana, poeta romancista ali da terceira era do Romancismo, consegue arrebatar o leitor ou ouvinte de seus poemas. Chocou uma sociedade em sua época, mas até os dias atuais, quando se lê a obra dele, fica aquela sensação de engasgo, principalmente, se assim como eu, você fizer parte de uma sociedade privilegiada. Ele foi um dos primeiros a apontar o dedo para o que estava sendo feito aos escravizados e com isso assumir e mostra para a sociedade, principalmente a elite em que estava inserido, a culpa dos horrores infligidos a essas pessoas, da desumanização que ocorria com essas pessoas.
No poema principal desse livro O Navio Negreiro, acompanhamos o narrador tomando a visão de um albatroz e vendo o navio por cima, assistindo o que estava ocorrendo. Então ele descreve as torturas, as humilhações... em uma narrativa quase que cinematográfica.
Porém, essa edição da Antofágica traz diversos outros poemas de Castro Alves que fizeram com que ele fosse considerado “o poeta dos escravos”. Um dos que mais me tocou, e me deixou verdadeiramente triste, é o poema em que temos uma mãe que se vê obrigada a assassinar o próprio filho para que esse não seja escravizado como ela. Temos também o poema em que ele dá voz a África, e ela questiona a Deus, porque tanta diferença entre ela e seus irmãos.
Vale muito a pena a leitura, essa edição ainda traz textos de apoio ótimos que nos dão uma contextualização da época do autor e um pouco na noção do que foi sua (curta) vida.