lubzwp 24/03/2024
?Nem São Livres P?ra Morrer...?
?Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
EM SANGUE A SE BANHAR.
Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite,
HORRENDOS A DANÇAR...?
26 : ?Bem feliz quem ali pode nest?hora
Sentir deste painel a majestade!...
Embaixo ? o mar... em cima ? o firmamento...
E no mar e no céu ? a imensidade!?
31 : ?Esperai! esperai! deixai que eu beba
ESTA SELVAGEM, LIVRE POESIA...
Orquestra ? é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...?
48 : ?Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
EM SANGUE A SE BANHAR.
Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite,
HORRENDOS A DANÇAR...?
65 : ?Ontem simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos,
SEM AR, SEM LUZ, SEM RAZÃO...?
77 : ?Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm?lo de maldade,
Nem são livres p?ra morrer...?
93 : ?Parece que os astros são anjos pendidos
Das frouxas neblinas da abóbada azul,
Que miram, que adoram ardentes, perdidos,
A filha morena dos pampas do Sul.
Se aponta a alvorada por entre as cascatas,
Que estrelas no orvalho que a noite verteu!
As flores são aves que pousam nas matas,
As aves são flores que voam no céu!?
96 : ?Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar.
?Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro.?
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
P?ra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!?
97 : ?O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!?
102 : ?Venha o manto que os ombros nos cubra.
Para vós fez-se a púrpura rubra,
Fez-se o manto de sangue p?ra nós.
Cai, orvalho de sangue do escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz.
Cresce, cresce, seara vermelha,
Cresce, cresce, vingança feroz.?
133 : ?Tem a relva, a trepadeira,
?Todas têm os seus amores,
?Eu não tenho mãe nem filhos,
?Nem irmão, nem lar, nem flores.?
135 : ?Por que tremes, mulher? Que estranho crime,
Que remorso cruel assim te oprime
E te curva a cerviz?
O que nas dobras do vestido ocultas?
É um roubo talvez que aí sepultas?
É seu filho... Infeliz!?
140 : ?? Vender?!... Vender meu filho?!
Senhor, por piedade, não...
Vós sois bom... antes do peito
Me arranqueis o coração!
Por piedade, matai-me! É impossível
Que me roubem da vida o único bem!
Apenas sabe rir... é tão pequeno!
Inda não sabe me chamar?...Também
Senhor, vós tendes filhos... quem não tem??
142 : ?? Senhores! basta a desgraça
De não ter pátria nem lar,
De ter honra e ser vendida,
De ter alma e nunca amar!?
183 : ?Viviam numa sociedade que sangrava. Tudo que significava prosperidade para os donos de engenho tinha sangue no processo. Muito sangue.?
252 : ?O silêncio não é uma saída.?