Marcos774 27/08/2024Uma história boa com alguns problemasNo livro, conhecemos Sky Baker, um garoto gay numa cidade pequena que vive de turismo. Ele mora na casa da família da sua melhor amiga, porque foi expulso de casa pela sua mãe religiosa. Sabemos logo que ele é apaixonado pelo Ali Rashid, um menino que não sabemos ao certo se é LGBT também, e aí começam meus problemas com o livro.
O começo do livro é um pouco complicado. Eu admito que pensei em desistir da leitura porque eu achei que não tinha conflito para ser falado.
Entendi as estratégias de construção de personagem de Robbie Couch, ele quis que o Sky Baker fosse um adolescente LGBT ansioso numa cidade com mentalidade pequena. Ele retrata essa ansiedade do Sky através de pensamentos repetitivos ou na hiper interpretação de situações, como a possibilidade do seu amigo Marshall não gostar dos seus trejeitos porque é hétero. E sinceramente, isso é algo fácil com que se identificar com isso sendo eu mesmo um homem gay. Quantas vezes eu não repeti para mim mesmo para "não agir gay" para evitar conflito. Mas senti que em momentos ele perde a mão.
A paixonite do Sky pelo Ali é interessante, mas estamos falando de um segundo personagem que não sabemos que é LGTB por boa parte do livro, assim como o Sky não sabe, mas ele se comporta como quem tivesse certeza. O grande quadro com diversos planos para convidar um menino possivelmente hétero para um baile numa cidade que ele mesmo taxa de pequena e conservadora parece super delulu.
O livro também sofre com figurantes. Um excesso de personagens com nome e sobrenome que nos parece importantes, mas que aparecem por algumas cenas e vão embora. Custa para o leitor identificar quem é o elenco principal da narrativa, porque há muitos nomes que distraem. Sabemos de cara que Bree é importante porque aliás é a família dela que acolhe Sky, mas aprendemos muito pouco sobre ela ao longo do livro. E sim, custa muito acreditar que ela não é a culpada de tudo ter acontecido por mais que as justificativas tenham sido dadas.
No final, a história comove e cativa pela união que se forma na escola ao redor de Sky para apoiá-lo diante do bullying sofrido. Faz-nos sentir acolhidos também e desejar essa realidade.
Ainda assim, gostaria de ler mais do Robbie.