Norte e Sul

Norte e Sul Elizabeth Gaskell




Resenhas - Norte e Sul


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Claire Scorzi 30/03/2011

Herdeira de Charlotte
Elizabeth Gaskell era amiga e biógrafa de Charlotte Brontë. Parece ter aprendido com a amiga a importância da paixão - não como algo censurável ou 'inadequado' (como às vezes Jane Austen parecia achar), mas como uma característica humana e mesmo enobrecedora.
Seu herói, John Thornton, é descrito como um homem capaz de paixão, intensa e sofrida (o que atrai nossas simpatias). Margaret Hale, a heroína, é uma jovem racional e sensata, cujo despertar sentimental parece ocorrer mais devagar do que em Thornton - e ambos, admiravelmente descritos pela autora.
Uma narrativa onde os sentimentos são expressos nos diálogos com contenção, mas mostrados em profundas análises do interior das personagens. Uma bela história de amor e de crítica social (esta uma marca da autora, vista também em seus outros romances).
Érika dos Anjos 31/03/2011minha estante
Hummm, adoro este tipo de livro! Com vc dando nota máxima então! Vai para a lista de desejados!


Lela Tiemi 18/12/2011minha estante
É tãooo, tãooo lindo este livro! Ai, Mr. Thornton!*_* Muitos, e muitos suspiros... rs.


Vera 14/07/2013minha estante
Acabei de adquiri-lo e parece que fiz uma ótima escolha!


Hester1 18/05/2016minha estante
Adorei sua resenha. Nao sabia da amizade da autora com Charlotte Bronte. Mas o livro nos remete a ela ou Jane Austen que tb amo. O livro é maravilhoso, o amor de Thornton por ela é comovente, pois nem mesmo morrendo de ciúmes ele é injusto com ela. Os diálogos, as descricoes dos personagens e mesmo o pano de fundo para o romance dos dois, ou seja, a revolucao industrial, as dificuldades que as pessoas enfrentavam morrendo de fome muitas vezes. É tudo tocante no livro e o filme tb é maravilhosos. No filme gosto dos olhares deles, eles falam com os olhos. Maravilhoso!


Evelize Volpi 10/07/2017minha estante
Ótimo comentário querida Claire.
Vou iniciar a leitura hoje!


Dan 30/12/2017minha estante
Gostei do comentário, Claire! ''Norte e Sul'' foi uma descoberta maravilhosa para mim. Pretendo ler mais coisas da Gaskell.


Silvia.Garcia 02/02/2018minha estante
Gostaria de deixar aqui minha opinião após uma analise da série e livro;
Margareth parece ser uma pessoa contraditória pois ao mesmo tempo que é amorosa com os pobres tem um tratamento grosseiro e preconceituoso com os mais abastados, seu julgamento para com John é precipitado e mesmo após várias demonstrações de que ele era um homem digno ela não se sente tocada a rever sua opinião negativa.
Me parece que todas as "heroínas" dessa época (um ex Orgulho e Preconceito) são descritas como mulheres racionais, orgulhosas, preconceituosas, rígidas em suas opiniões e julgamentos.
São verdadeiras "juízes" mas me parece que Margareth extrapola em suas atitudes duras que se contrapõem a um coração amoroso e bom para com os pobres.
John é gentil com a sua família todo o tempo, salva-a de sofrer um inquérito e nada absolutamente nada muda esse coração duro.
Houve muitas oportunidades no livro para que ela mudasse mas a autora (magnifica ) deixou para os últimos minutos, ultimas páginas um quebrantamento desse coração e mesmo nesse momento que ela deveria ter pedido perdão a ele por tanto tempo julgando-o constantemente até o último momento.
Um detalhe que na série BBC eles copiam a cena de Orgulho e Preconceito onde Elizabeth beija a mão de Darcy .. Margareth beija a mão de John.
Amei a série , estou lendo o livro mas dificil compreender porque manter essa dureza de coração que demonstra uma certa ignorância , ou ao menos, uma falta de inteligencia emocional até o último momento.


Paula.Perazzo 18/07/2022minha estante
Estou adorando. Sr. Thornton está me arrancando suspiros rs.. Capitão Wenthworth (persuasao) é ele se tornaram meus crushes literários hehe




Michela Wakami 26/09/2022

Muito bom
Que delícia de história, mesmo sendo uma leitura lenta, é maravilhoso acompanhar a vida da nossa protagonista, uma mulher forte, determinada e com opinião própria.

Um livro com muitos personagens cativantes.
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Pam 18/08/2021

Se Karl Marx escrevesse um romance...
Muito se compara "Norte e Sul" com "Orgulho e Preconceito", e apesar das semelhanças, eu senti que a Elizabeth Gaskell só usou um romance como fachada para na verdade passar uma mensagem muito maior e mais importante: a luta de classes e a luta do proletariado. Nesse livro nós acompanhamos uma cidade que não mais vive na divisão clássica da sociedade inglesa (aristocracia x plebe/povo), mas está sujeita a dinâmica complexa pós Revolução Industrial e todos os desafios que com ela vieram: "O Norte e Sul se encontram e se tornam amigos aqui nesse lugar grande e esfumaçado".

A Margaret, nossa heroína, nascida numa cidade do campo e criada em Londres, se muda para Milton, uma cidade industrialista, e achei incrível conhecer o município pelos olhos dela, porque vamos nos surpreendendo junto com a protagonista vendo a realidade de uma região fabril na Inglaterra Vitoriana. A Margaret passa a ver toda a calamidade que as indústrias trazem pro local, desde ambiental (o tempo todo ela fala do ar sujo e do pó no corpo) até as condições humanas: jovens morrendo porque desde a infância trabalham em fábricas de tecido e morrem ainda adolescentes pois aspiraram muito algodão. Além disso, vemos os impactos sociais, como a falta de educação básica (porque todos passam a infância em fábricas), a falta de uma profissão e a desvalorização da humanidade.

Em contrapartida, temos o par romântico da Margaret, o industrialista Sr. Thornton. É interessante um personagem como ele porque vemos também o ponto de vista do patrão da fábrica, ou seja, a Gaskell tenta dar voz a todos. Demorei a me apegar a ele, mas depois vemos que ele tem um lado bom. A Margaret passa a dar voz e ouvidos aos grevistas e sindicalistas e o Thornton a escuta, não a trata com desrespeito, e inclusive passa a considerar mudanças na indústria. Eu achei isso muito interessante, porque muitos viam a Margaret como uma menina boba e mimada do campo, mas o Thornton nunca a desprezou, ele inclusive teve um grande desenvolvimento. No final ele passa a reconhecer que numa realidade ideal os funcionários teriam participação maior nos planos e lucros da fábrica, mas isso é uma ideia muito otimista (não tem opção ideal dentro do capitalismo... Gaskell, você é genial!).

Deixando de lado agora a parte sociopolítica, o livro é muito bom em todo o resto. A escrita é ótima, flui bem e os personagens ao redor da Margaret todos tem sua relevância e o tempo todo tem algum drama acontecendo na vida pessoal dela (isso além dos dramas dos sindicatos locais). O livro tem direito a tudo: mortes surpreendentes, romance, vingança, até acusação de assassinato. É UMA OBRA COMPLETA!

Minha única ressalva é que eu queria um aprofundamento maior no romance entre a Margaret e o Sr. Thornton. Eu senti que isso não era o foco principal (como em outros romances vitorianos), mas eu queria mais desenvolvimento do casal principal, que no final acabou nem sendo o que mais me interessou no livro: eu queria muito mais ver se as greves dariam certo do que ver o casal principal junto.

Norte e Sul nos apresenta um romance numa sociedade que parece não poder nos proporcionar um final 100% feliz. A vida no campo tem suas intempéries e dificuldades, e a vida na cidade industrializada é recheada de uma nova crueldade que surge nessa época ceifando a dignidade e vida de muitos. Esse livro é cheio de aventuras e o ritmo nunca desacelera, sempre tem algo novo acontecendo para instigar o leitor. Eu recomendo muito pra quem gosta de romances que têm críticas sociais por trás, apesar que esse aqui é praticamente um livro de críticas sociais temperado com romance.
Bianca 18/08/2021minha estante
Nunca tinha ouvido falar nesse livro, mas depois de ler sua resenha fiquei com muita vontade de ler, obrigada kkkkk


Pam 18/08/2021minha estante
bianca, eu tbm descobri ele esses dias pela MINISSÉRIE, vi numa lista de indicações de romances de época kkkk é uma obra q merece mt mais reconhecimento, é incrível.


Mayara666 19/08/2021minha estante
Eu amo esse livro! A série do BBC do livro é muito bem feita tb!


Pam 19/08/2021minha estante
may, eu to numa luta pra ver essa série! só achei com uma qualidade horrível ? vc sabe se tem em algum stream?


Mayara666 19/08/2021minha estante
É isso mesmo rsrsrs eu vi pelo YouTube num canal chamado Romances de Época. Nunca vi em stream. Mas já Só vi o dvd pra vender.


Mayara666 19/08/2021minha estante
Olha fiquei tao viciada nessa história que li livros que sao como uma continuação de Norte Sul, mas feita por outros autores. ?? justamente por esse amor inacabados deles ?


Pam 19/08/2021minha estante
may, vc ta me apresentando uma tentação, q vontade de ir atrás disso tudo... kkkk vou procurar esse canal do youtube, mt obrigada ?




Joane 14/07/2021

Um romance social que conquistou
Provavelmente nunca teria conhecido essa história se não tivesse visto numa LC. E surpreendeu tanto

A linguagem não foi complicada exceto pelos diálogos que podem ser confusos, devido ao contexto que são faladas, e por ser séculos atrás pode ser bem confuso.

A protagonista é colocada a prova e a desafios, que desta forma é mostrada como uma mocinha forte, que me ganhou também.
Temos um pouco de tristeza com os acontecimentos, tais infortúnios que parece tão inacreditável, que pode nos fazer pensar quão realista pode ser.
Milton é um lugar que o ar não é muito favorável, chegando a ser desfavorável e bastante.
Também nos trás o contexto dos trabalhadores e o lado do dono da fábrica, que batalhou para chegar a onde está. E nossa mocinha no meio de tudo isso. Um belo contraste se faz presente. Uma luta em tempos tão difíceis e a protagonista que tão jovem e que já viu tanto e também sofreu.

Essa história me trás fervor e ardor. Me fez até torcer para que eles ficassem juntos e está nas últimas páginas e isso parecia que não ia acontecer.
Por essas e mais, que eu amei. Amo um livro que não muitas pessoas amam

Ótima leitura! Que me acompanhou por tanto tempo e agora sinto falta
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Carla Buffolo Altoé 27/02/2011

Desde o momento em que o John Thornton viu a Margaret pela primeira vez, estampei um sorriso bobo na cara e fiquei assim até terminar a leitura!
Pra quem viu a séria da BBC, que por sinal foi muito bem feita, pode ter certeza que o livro é muito melhor. Os sentimentos do John são tão bonitos, pena que a Margaret não aceitou seu pedido de casamento pela primeira vez, tadinho, ele sofreu muito, mas ela amadureceu seus sentimentos e entendeu o quanto ele era importante para ela. Mas venhamos, ela sofreu muito tendo que passar por tudo que ela passou e ainda ter que dar forças para a família e amigos, sem nenhum ombro para chorar.
O final é rápido assim como na série, mas toda a leitura do livro compensa...
Posso afirmar com certeza que Norte e Sul está para mim em igual escala de admiração como Orgulho e Preconceito. Jane Austen e Elizabeth Gaskell já são minhas autoras favoritas, e espero que os demais livros da Elizabeth sejam lançados no Brasil.
Lu 27/02/2011minha estante
Ótima resenha, Carla! Eu adorei a série da BBC e fiquei super feliz quando vi Norte e Sul na livraria. Definitivamente é um must have!


Lela Tiemi 27/02/2011minha estante
Estou louca por este livro!!! =0)


jjulianapdias 04/09/2011minha estante
eu já vi a série da BBC, é muito linda!!
estou com muita vontade de ler o livro, ainda mais depois de ter lido isso:

"está para mim em igual escala de admiração como Orgulho e Preconceito"

eu AMO Orgulho e Preconceito, então provavelmente irei AMAR Norte e Sul *-*


Carla Buffolo Altoé 23/09/2011minha estante
Julia, pode ler sem medo, me lembrou muito Orgulho e Preconceito....MARAVILHOSOS!!!!!


Luana 06/09/2012minha estante
Eu assisti a série e é incrível! Linda demais!


Ana Karla 10/03/2013minha estante
Amei a tua resenha! Eu vi a série e me encantei com o romance do John e da Magaret, mas tava receosa de ler o livro achando que tinham "romanceado" demais a série só para agradar o público. Mas como você está dizendo que o livro é muito melhor que a série com certeza o colocarei na minha meta de leitura desse ano.


Ane 15/05/2014minha estante
Acabei assistindo a série da BBC antes e me apaixonei por esse romance. Enrolei um pouco e enfim pedi o livro está para chegar e não vejo a hora de ler, ainda mais depois de ler a sua resenha!!!


Caroljf 31/10/2014minha estante
Já havia assistido a série e sempre quis ler o livro.O livro é muito bom, e a série não fica muito atrás!!


Aria.Verso 04/04/2016minha estante
A editora Pedrazul está lançando os outros livros da autora




Kris 18/01/2024

Para os amantes de Jane Austen
Norte e Sul foi escrito numa época muito difícil, principalmente para uma escritora. Vou começar falando pelo final pois acho importante frisar o fato do livro ter sido escrito de forma a encurtar a história por pressão (não ficou claro da parte de quem), deixando a gente com um gostinho de quero mais. Mas isso não muda o fato de todo o livro ter sido escrito de forma maravilhosa e encantadora, nos apresentando uma mulher firme e decidida, mesmo comentendo vários erros, principalmente de julgamento. Mr. Thornton infelizmente teve que ser o alvo dos preconceitos de Margaret, mas ele desde o início estava sempre inclinado a perdoar ela por suas falhas. De modo bruto, mas de muito caráter, Mr. Thornton aos poucos também foi conquistando Margaret, e a tão assustadora realidade do sul para os do norte foi se transformando em um cenário comum, com pessoas muito mais respeitáveis que outras de nível mais elevado.
É muito divertido acompanhar os problemas de Margaret e Mr. Thornton, e não fosse pelo final rápido, o livro estaria num nível maior de perfeição.
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Coruja 19/12/2011

Normalmente leio primeiro o livro antes de partir para uma adaptação. Norte e Sul foi um daqueles casos em que fiz o caminho inverso: primeiro (e já faz algum tempo) assisti a série e só depois (muito depois) fui atrás do livro. Mais de uma vez cheguei a colocá-lo – em inglês, pois ainda não tinha saído a tradução – na minha cesta de compras. Sei lá porque motivo eu acabava tirando ele na hora de ir para o caixa; o caso é que, no começo do ano encontrei a versão bilíngüe numa promoção e comprei antes que decidisse priorizar algum outro título.

Antes de lê-lo, conheci outra obra da autora que também já resenhei aqui – o divertido Cranford. Ainda assim, embora já tivesse tomado contato com o estilo da autora, acabei estranhando um pouco de início.

Exlico... tendo conhecido Gaskell primeiro por suas adaptações em série pela BBC, tinha a impressão de que ela era uma autora análoga a Austen... e claro, não podia estar mais errada.

Elizabeth Gaskell viveu e escreveu em plena Revolução Industrial e assistiu de perto às transformações sociais que ela ocasionou. Isso transparece bem em Norte e Sul, cuja trama se passa no Norte fortemente industrializado da Inglaterra, na cidade de Milton, um pólo têxtil conhecido. Seu herói é Mr. Thornton, um industrial que fez sua própria fortuna à custa de muito esforço e dedicação.

Essas mudanças estão presentes em todas as relações que Margareth Hale, a heroína, trava ao se mudar com a família para Milton – não é apenas com o rico Mr. Thornton que ela dialoga, mas também com os Higgins; o pai, Nicholas Higgins, um operário e representante do Sindicato e suas filhas, uma delas doente em conseqüência da poluição industrial.

A sociedade pela qual todos esses personagens transitam não poderia ser mais diferente do que aquela que é o foco de Austen. E não apenas são diferentes em conteúdo, mas também em estilo – Gaskell pertence integralmente ao Romantismo, ela é intensamente descritiva, sés personagens são passionais e a ironia está praticamente ausente.

Não digo isso para desfavorecer Madame Gaskell, mas para que vocês não se enganem e levem gato por lebre. Gaskell tem seus próprios (grandes) méritos – ela é ágil, apaixonante, capaz de criar personagens desde adoráveis (como as boas senhoras de Cranford) a profundos retratos do caráter humano (e tanto Margaret como Thornton como Higgins se encaixam aqui).

Você pode lê-la pela paixão que a figura régia de Margaret inspira em Mr. Thornton; para compreender as mudanças sociais e conseqüências imediatas trazidas pela industrialização; para assistir o início dos sindicatos ainda imbuídos do sentimento de união e solidariedade; para acompanhar a maneira com que relacionamentos e gestos simples são capazes de mudar as pessoas... está tudo lá, para todos os gostos e objetivos de leitura.

Como se não bastasse tudo isso, Norte e Sul nos dá um dos protagonistas masculinos mais apaixonantes de todos os tempos. Por vezes brutal em sua sinceridade, firme em seus princípios e eletrizante em sua devoção por Margareth, Mr. Thornton é irresistível.

Em relação à minissérie da BBC, a história sofreu uma série de alterações, mas achei-as bastante positivas: o início do livro mergulha bem mais no cotidiano da família Hale antes de se mudar para Milton e, para ser sincera, Mrs. Hale, a mãe de nossa protagonista, é quase que insuportável nessa primeira patê. O final também foi alterado, mas creio que os dois funcionem muito bem para as mídias (e públicos) a que se destinam.

Minha única crítica é à versão brasileira... considerando o preço do livro, acho que podiam ter feito um trabalho de revisão melhor. Mesmo numa leitura, o número de erros de digitação salta aos olhos. Espero sinceramente que em futuras edições corrijam isso...

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)
Ana Karla 08/04/2012minha estante
Ótima resenha!




Karen.V 05/07/2024

Contrastes e Conexões
Elizabeth Gaskell, em "Norte e Sul", realiza uma análise profunda e impactante das dicotomias sociais e culturais da Inglaterra vitoriana, oferecendo um retrato vibrante e meticulosamente detalhado das tensões entre o rural e o urbano, o tradicional e o moderno, e o aristocrático e o proletário. Através de uma narrativa envolvente, Gaskell não apenas constrói uma história de amor cativante, mas também provoca reflexões sobre questões de classe, gênero e moralidade que ressoam até os dias de hoje.

A mudança abrupta da protagonista, Margaret Hale, do idílico sul rural para o industrializado e turbulento norte de Milton, serve como o motor central da narrativa. Gaskell desenha esses dois mundos com uma precisão quase cinematográfica: o sul, com suas paisagens bucólicas e ritmo de vida pausado, contrasta fortemente com o norte, onde as fábricas e a fumaça moldam um cenário de luta e progresso incessante. Essa dualidade geográfica é mais do que um simples pano de fundo; é uma personagem em si mesma, refletindo e amplificando os conflitos internos e externos que permeiam a obra.

Margaret Hale emerge como uma heroína complexa e multifacetada. Sua jornada de autoconhecimento e resiliência é narrada com uma profundidade emocional que captura a essência de uma mulher tentando navegar por um mundo em rápida transformação. Do outro lado, temos John Thornton, um industrial rígido e pragmático, cuja evolução ao longo do romance é uma das mais ricas da literatura inglesa. Gaskell habilmente desconstrói e reconstrói esses personagens, permitindo que suas falhas e virtudes se revelem de maneira orgânica e convincente.

Fiquei absolutamente encantada com Margaret Hale. Sua força interior e sua capacidade de empatia, mesmo diante de um ambiente tão hostil quanto o de Milton, são verdadeiramente inspiradoras. Margaret não é uma simples espectadora dos eventos ao seu redor; ela é uma agente de mudança, desafiando as expectativas de gênero e classe com uma dignidade que é ao mesmo tempo humilde e poderosa. Sua coragem em confrontar injustiças e sua evolução emocional ao longo da narrativa tornam-na uma das personagens mais memoráveis e admiradas da literatura vitoriana.

Cada página de "Norte e Sul" foi uma dança de emoções, um entrelaçar de sentimentos que me envolveu completamente. Gaskell, com sua pena mágica, me conduziupor paisagens de melancolia e esperança, onde cada diálogo reverberava como uma melodia antiga, e cada descrição pintava quadros vívidos em minha mente. O tempo parecia suspenso, cada capítulo um convite irresistível para mergulhar mais fundo em um universo onde os contrastes se encontram e as almas se conectam. Amando cada segundo dessa leitura, me senti parte das ruas de Milton e dos campos do sul, caminhando ao lado de Margaret e Thornton, vivendo suas dores e alegrias como se fossem minhas.

"Norte e Sul" é, em seu cerne, uma meditação sobre a injustiça social e as possibilidades de redenção e compreensão mútua. Gaskell não foge das realidades brutais da Revolução Industrial, abordando de forma direta e sensível questões como a exploração dos trabalhadores, as greves e a disparidade entre ricos e pobres. Sua crítica social é incisiva, mas nunca unidimensional. Ao invés disso, ela oferece uma visão nuançada das motivações e desafios enfrentados por todos os lados do conflito.

A prosa de Gaskell é elegante e envolvente, equilibrando descrições líricas com diálogos contundentes e realistas. Sua habilidade em capturar as nuances da fala e os detalhes do ambiente cria uma sensação de imersão total, transportando o leitor para os salões e fábricas da Inglaterra vitoriana. A estrutura do romance, com seus momentos de tensão e revelação, mantém um ritmo que é ao mesmo tempo deliberado e irresistível.

Elizabeth Gaskell, com sua sensibilidade e perspicácia, entrega uma obra que desafia e encanta, oferecendo um espelho para as complexidades e contradições de seu tempo e, inevitavelmente, do nosso.
CPF1964 05/07/2024minha estante
Dizer que sua resenha é maravilhosa já se tornou pleonasmo. ????


CPF1964 05/07/2024minha estante
Tem resenha da Michelly sobre este livro. Foi Leitura Coletiva.


Karen.V 05/07/2024minha estante
Agradeço de coração, amigo ? Seus comentários sempre me motivam a continuar escrevendo. Muito obrigada ??


Karen.V 05/07/2024minha estante
Cassius, sobre a resenha da Michelly: vou conferir ?Obrigada pela dica!!


CPF1964 05/07/2024minha estante
Por favor não pare ! Precisamos de usuários talentosos como você por aqui.


Karen.V 05/07/2024minha estante
???




Amanda Bento 04/05/2021

Karl Marx meets Jane Austen
Esse livro não é um Orgulho e Preconceito na Revolução Industrial, mas é um O Capital, só que romântico. É cheio de nuances e provocações socioeconomicas, com pessoas devastadas pela pobreza ou outros pela riqueza doentia. Ela queria: romance. Ela teve: quebra pau político.
E eu amei!
Duda.dudagabooks 05/05/2021minha estante
HAHAHA amei essa resenha pois é TOTALMENTE ISSO




Jeh 21/05/2020

Adorávelmente cativante!!!
Não pode ser apenas coincidência, que dois livros de época descrevam cavalheiros tão perfeitos ( Mr Darcy e Sr. Thornton ) O que me convence cada dia mais que nasci na época errada! Rsrs
O livro é longo, tem seus altos e baixos, porém nenhuma fala é vã... todo conteúdo serve pra completar a história. E qndo chega o final a gente fica com o desejo de que ainda tivessem outras 700 páginas para nos contar sobre como foi esse amor que esteve reprimido duramte tanto tempo. .. daria td pra saber como a mãe de Thornton recebeu a noticia rsrs
Pensei que da msm forma q Darcy ajudou a encontrar a irmã de Elizabeth., Thornton ajudaria a livrar Frederick... mas essa parta da história não teve o deafecho q imaginei.
Só não favoritei pois senti falta de um final mais detalhado; por mais que já suspeitavamos dos sentimentos de Margareth ela não expressou em nenhum momento; então ficou meio que repentino...
Mas,ainda sim ,é um livro rico que enche o coração e o aquece... com certeza farei ouyras releituras!
Deh 03/06/2020minha estante
Olá, no livro os sentimentos da Margareth pelo John fica mais intenso do que na serie (2004)?




Maria 23/05/2021

Maravilhoso
A comparação com Orgulho e Preconceito é injusta em muitas questões. Mas o que mais acho incrível é como nuances politicas se misturam com a história dos personagens, luta de classes misturada aos sentimentos de Margaret Hale.
A narrativa de Gaskell é adorável também, proporcionando uma leitura fluída.
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Coruja 11/08/2015

Clássicos são livros para os quais passamos a vida retornando e, a cada releitura, acrescentam algo novo: eles dialogam conosco em diferentes épocas de nossas vidas, ensinando e nos confortando. Eles são universais por apelarem a temas e princípios comuns a todos e, ao mesmo tempo, são bastante pessoais, no sentido de que sua história acaba se misturando com a nossa.

Norte e Sul preenche todas essas condições para mim. É uma daquelas histórias que gosto de recomendar a todo mundo, para a qual retorno de tempos em tempos e que nunca falha em me deixar satisfeita quando termino. É um livro rico em questões com que todos podemos nos identificar, num dos períodos mais importantes da história ocidental, oferecendo uma admirável história de amor combinada ao debate de questões sociais; tudo isso com um elenco de personagens complexo e extraordinário.

A história ocorre na Inglaterra, em plena Revolução Industrial, uma época de extraordinários avanços tecnológicos e degradantes condições humanas. Os dois protagonistas representam a divisão do país: Margaret é o sul rural, John é o norte industrializado; ela é compaixão religiosa e justiça, ele é explorador do proletariado. Esse antagonismo é responsável por muitos dos problemas de comunicação e angústia entre os dois.

O relacionamento deles se desenvolve em meio a criação de sindicatos, crise da indústria têxtil, greves, especulação financeira, discussões sobre direitos dos trabalhadores e responsabilidade patronal. Fala de divisão de classes, do progresso e seu impacto humano.

Há quem diga que a obra-prima de Elizabeth Gaskell ecoa Orgulho e Preconceito, de Austen. Margaret Hale é orgulhosa de suas origens, de seus princípios, de sua criação. Ela é compassiva, mas nem sempre consegue compreender que o orgulho de outros prefira recusar sua caridade. John Thornton é irascível, quase inatingível em nosso primeiro contato com o personagem.

Ele se apaixona primeiro, encantado pelas maneiras, pela altivez e beleza da sulista, e Margaret, nesse momento, representa para ele quase um ideal de perfeição. É inebriado nessa ilusão que Thornton faz sua primeira declaração e a negativa de Margaret é a quebra do pedestal, necessária para que ele de fato se esforce para enxergar a mulher por trás da estátua.

Curiosamente, a partir do momento em que Margaret ‘cai da graça’ na opinião de Thornton, é que ela começa a compreender o caráter dele, entendendo exatamente o que ela deixou escapar.

É forçoso que eles se considerem perdidos um para o outro antes que possam se reencontrar e descobrir que, de fato, eles são iguais, têm os mesmos valores e princípios. Afinal, para que um casamento funcione – ao menos entre pessoas como Margaret Hale e John Thornton -, é preciso mais que paixão (e a relação dos dois é desde o começo sutilmente passional e cheia de momentos para segurarmos o fôlego), é necessário equilíbrio e uma verdadeira união de mentes para que eles possam alcançar sua felicidade.

Mas existe uma grande diferença entre Austen e Gaskell. Aqui somos apresentados a uma sociedade em profunda transformação, cujo foco não é mais uma pequena aristocracia rural: a ação se passa em centros industriais e a ascensão burguesa é um de seus motes. Margaret talvez possa se identificar com uma Elizabeth Bennet mais preocupada com convenções sociais, mas Thornton, muito diferente de Darcy, é um homem que fez a si mesmo, que trabalhou a vida inteira e superou a ruína financeira que o pai lhe deixou com seus próprios esforços.

Embora o romance de Margaret e Mr. Thornton seja a força motriz da narrativa, há dois outros personagens que roubam a cena sempre que surgem.

Mrs. Thornton, a mãe de John, é o pilar do filho, disposta a compartilhar de suas preocupações, formidável em suas opiniões, na forma como se impõe. Embora, vista do ponto de vista de Margaret ela seja quase uma megera, Mrs. Thornton é uma figura materna exemplar – na minha opinião, uma das melhores mães da literatura.

Nicholas Higgins, por sua vez, é o elo que primeiro separa e depois permite a reconciliação entre os protagonistas. Higgins é o líder por trás da união dos trabalhadores e da greve e um feroz defensor de seus companheiros. Margaret o conhece ao fazer amizade com sua filha e através dele é que começa a compreender a forma de pensar do Norte – e, com isso, entender também o próprio Thornton.

Digo logo que, para além do romance dos protagonistas, minhas partes favoritas do livro são as conversas de Thornton e Higgins, especialmente no que elas representam como alternativa à exploração dos trabalhadores.

Eu já tinha esse livro em inglês, mas quando vi a edição da Martin Claret em capa dura, fiquei babando em cima dela. O projeto gráfico é de uma delicadeza que faz jus a esse excelente romance. Em tudo, é um livro que faz gosto ter na estante e para o qual estamos sempre retornando e redescobrindo. Um clássico em todos os seus significados, sem dúvida.

site: http://www.owlsroof.blogspot.com.br/2015/08/para-ler-norte-e-sul.html
Marta Skoober 14/08/2015minha estante
Adorei esse livro. Foi interessante ver um pouco da revolução industrial pelos olhos de uma mulher.


Say 24/05/2017minha estante
Olá! Boa noite! Obrigada pela resenha maravilhosa!





spoiler visualizar
Amanda.Sangbusch 25/02/2024minha estante
Eu amei a leitura, mas esperava mais do final. Ainda tô decepcionada com a forma abrupta que terminou.
E sim, coitada da Margareth, mal teve um respiro, era bomba atrás de bomba.


Geyza.Pereira 26/02/2024minha estante
Concordo, o final poderia ter sido melhor!




Midian Damazio 08/06/2021

Que leitura meus amigos!!?
Um clássico apaixonante, o qual mostra ao leitor as diversas faces da era industrial britânica. Mais que a construção e envolvimento do casal, o livro nos leva a encarar um cenário de miserabilidade e disparidade social. Além dos protagonistas serem maravilhosos! Simplesmente incrível!
Sou suspeita ao falar pois amo um classico.?
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