Carous 25/06/2022 - Leitura coletiva do canal @michelly
Eu achei que este livro se tornaria um queridinho tal qual
Orgulho e Preconceito é para mim por causa das semelhanças dele com a obra de Jane Austen. Até admito que tem um pouco de Elizabeth Bennet em Margareth Hale e com certeza sr.Thorton lembra muito o sr. Darcy - aquele homem caladão, que pode soar meio ríspido e indiferente, mas por dentro sente uma forte paixão pela heroína da história.
Não é um favorito, mas foi um prazer esta leitura do mesmo jeito. Eu sei que guardarei para a vida o exemplar que tenho de
Orgulho e Preconceito, que eu me controle para não comprar outro. Com
Norte e Sul, eu tenho minhas dúvidas. Imagino que um dia possa querer revisitar as cenas mais adoráveis entre Margareth e sr. Thornton, mas estou satisfeita com a edição física que tenho e, no momento, a mantenho mais pelas marcações e anotações.
Há tempos queria conferir o trabalho de Elizabeth Gaskell, grande amiga de Charlotte Brontë. Não me arrependo nem um pouco e me sinto confiante confiante para ler outros livros escrito por elas.
Eu não li este livro pelo romance - e ainda bem -, mas confesso que foi o principal atrativo.
Norte e Sul se distancia da famosa história de Jane Austen por abordar diversas temáticas além do relacionamento amoroso. Acho importante ter isso em mente para não se decepcionar. Há muitos capítulos em que Margareth e sr. Thornton nem se cruzam, o romance nem é mencionado e isso pode deixar os leitores mais apaixonados podem ficar impacientes ou frustrados.
Nada murchou meu pique com a leitura. Estava muito investida no romance - e como não estar? - assim com nas outras histórias ao redor e nos debates.
Sinceramente, é curioso e triste ao mesmo tempo como este livro - e tantos outros clássicos - ainda conversam com os dias atuais. Os discursos ainda se aplicam, a revolta, a injustiça. Parece que andamos em círculo.
Margareth Hale é uma personagem que pode ser difícil de gostar; eu, no início, torcia no nariz para opinião parcial que ela tinha do pai e da mãe. O pai ela desculpava tudo; a mãe, ela julgava mais.
Sim, tem influência da criação, da época. Não tenho dúvidas de que ela reproduzia machismo. E tenho menos ainda que ela não percebia como a dinâmica familiar era esquisita.
A sra. Hale nem tenho muito o que dizer, mas o sr. Hale, em poucas palavras, é um frouxo. Ele era apenas o chefe da família no papel, mas não fazia nada - isso sempre cabia à Margareth. A coitada era pau para toda obra para todos os membros da família e pouco valorizada. E foi mais um motivo para se apaixonar pelo sr. Thornton e torcer pelo romance entre eles: ele a valorizava. Ele a idolatrava.
Mas a posição de Margareth na família não foge muito do que encontramos hoje em dia. Só é levemente angustiante ler sem poder fazer nada e triste que ela esteja rodeada de pessoas e sem apoio algum.
O sr. Thornton... ah, como descrever o sr. Thornton?
Ele não é perfeito, mas perfeição é uma palavra que se encaixa bem para defini-lo. Eu não sabia o que pensar sobre a diferença de idade entre eles (normalmente sou contra), mas foi tudo feito com tanta delicadeza. Autoras contemporâneas de romances de época não conseguem escrever histórias de amor sem mocinho problemático e Elizabeth Gaskell fez isso com a maior naturalidade... no século XIX. Te faz pensar...
Há outros personagens na trama, mas quem liga pra eles? Mentira, eles são interessantes e a autora coloca tanta faceta, mas se for comentar um a um...
O livro trata dos efeitos da Revolução Industrial na Inglaterra. Volta e meia nos deparamos com discursos de patrões e funcionários apontando dedos, pesando pós e contra. É interessante. É bom ter uma noção sobre a Revolução, as diferentes classes sociais para não ficar perdido.
Torço para que a tradução da Martin Claret tenha ficado fiel ao texto de Elizabeth Gaskell. Não é exatamente fluído, mas é bem construído e você avança na leitura sem perceber.
A edição está ótima; apesar de ser um calhamaço de capa dura, não é frágil nem pesado. Há algumas notas de rodapé para contextualizar o leitor, mas eu acho que é importante pesquisar antes sobre os temas discutidos no livro para ter uma noção do que acontece.